O Comissão de �tica e Disciplina do PMDB Nacional decidiu, por
unanimidade dos nove membros, nesta terça-feira, 16, expulsar a senadora
Kátia Abreu por considerar que ela feriu a ética e a disciplina
partidária, com crÃticas à sigla, ao governo do presidente Michel Temer e
por ter votado contra matérias defendidas pela legenda. A expulsão,
chamada eufemisticamente pelo PMDB de "afastamento", teve por base
representação do diretório regional do Tocantins.
Agora a decisão da conselho de ética será encaminhada ao presidente
nacional, senador Romero Jucá, que poderá referendar ou convocar a
executiva nacional para isso. Conforme o CT apurou,
Jucá deve confirmar a decisão do conselho e comunicar a expulsão da
senadora ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional
Eleitoral do Tocantins (TRE-TO). Ela não poderá mais assumir cargos do
partido no Senado, nem mais falar em nome do PMDB.
Além da representação que sustentou a decisão do conselho, existem
outras três contra a senadora: uma também do Tocantins, outra da
deputado federal tocantinense Dulce Miranda e uma da Comissão Nacional
da Juventude. Outro caso, do voto da senadora em favor da ex-presidente
Dilma Rousseff (PT), no episódio do impeachment, foi arquivado porque
outros parlamentares da legenda também foram absolvidos sob a mesma
situação.
Lula e Dilma como testemunhas
Kátia Abreu na sua defesa apresentada também nesta quarta-feira indicou 24 testemunhas.
Na lista estavam os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e
Dilma Rousseff. A congressista fez questão de destacar que a legenda
não propôs nenhum tipo de punição a filiados condenados por crimes
graves, como corrupção e formação de quadrilha, enquanto é acionada por
infidelidade partidária.
Em sua defesa, a senadora diz que renomados nomes do PMDB têm
enfrentado problemas de ordem criminal, sendo que alguns já foram
condenados e presos - como o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-governador
do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. "Até mesmo o presidente da República
foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República", lembra. O partido,
porém, não questionou a conduta de nenhuma desses filiados.
Entenda
A senadora Kátia Abreu deixou o PSD em setembro de 2013 para ingressar
no PMDB. Ela teve importante papel para garantir o comando do partido no
Estado ao governador Marcelo Miranda, que disputava a sigla com o então
deputado federal Júnior Coimbra. Para isso, Kátia usou a influência que
tinha junto ao então presidente nacional da sigla, Valdir Raupp, e ao
então vice-presidente da República, Michel Temer.
Para dar a legenda a Kátia e Marcelo nas eleições do Tocantins de 2014,
a cúpula peemedebista chegou a fazer uma intervenção em diretórios
municipais do Estado às vésperas das convenções. Kátia foi colocada como
vice-presidente do PMDB estadual na comissão provisória criada e
assumiu a presidência com a saÃda do senador Waldemir Moka (MS).
Após a vitória de outubro de 2014, Kátia rompeu com Marcelo, numa briga
homérica no final de dezembro daquele ano. Depois começou outra batalha
pelo comando do PMDB tocantinense com o governador, que só acabou com
um acordo na executiva nacional, que dividiu os cargos meio a meio,
deixando a presidência com o marcelista Derval de Paiva.
Com a crise nacional se aprofundando, Kátia, então ministra da
Agricultura do governo do PT, passou a criticar publicamente seu
partido, o governador Marcelo Miranda e a cúpula do PMDB que a tinha
ajudado em 2014. No impeachment, em 2016, a senadora assumiu a linha de
frente de defesa de Dilma no Congressso. Após a posse de Temer, ela
passou a criticar e votar contra o novo governo, ao mesmo tempo que
engrossava a voz contra o ex-aliado Marcelo Mirada.
Kátia está conversando com o PDT e com o Podemos.