A divisão do segundo semestre em perÃodo pré e pós-eleitoral e as diferenças entre a articulação com o poder Legislativo, o Judiciário e o Executivo ficaram claras na reunião do Conselho PolÃtico da Confederação Nacional de MunicÃpios (CNM) ocorrida nesta terça-feira, 17 de julho. Representantes das 27 entidades estaduais estiveram na sede da entidade, em BrasÃlia, para debater com o presidente Glademir Aroldi os próximos pleitos do movimento municipalista. Esteve presente o presidente da Associação Tocantinense de MunicÃpios (ATM), prefeito de Pedro Afonso, Jairo Mariano, que ocupa o posto de vice-presidente da CNM, acompanhado do secretário â?? Executivo da ATM, Jailton Bezerra.
"Entre as principais medidas que discutimos estão a retomada imediata da campanha pelo julgamento da liminar dos royalties no Supremo Tribunal Federal (STF) e a mobilização com deputados para apreciação da nova Lei de Licitações, da revisão da Lei Kandir e do PLP 461/2017, sobre a redistribuição do Imposto Sobre Serviços (ISS)" afirma o presidente da ATM, Jairo Mariano.
Esforços
No decorrer da reunião, Aroldi e os membros reconheceram a necessidade de unir esforços para conseguir avançar com as quatro demandas na Corte, na Câmara dos Deputados e, depois, no Senado. "Ã? um dever de casa, vocês (conselheiros) e os prefeitos têm que saber quem são os lÃderes dos partidos, em especial, do seu Estado. E cobrar para que, em cada reunião de bancada, liderança e partido na volta do recesso parlamentar, sejam debatidos os projetos prioritários ao movimento", defendeu.
No Executivo, apesar das dificuldades e das limitações impostas pelas eleições e pela mudança de governo, foram listadas as reivindicações da gestão local. Entre elas, a criação do Comitê GTI Interfedarativo, o limite de pessoal nos programas federais, a regulamentação do Conselho Gestor Fiscal e o piso do Magistério - este previsto para depois das eleições.
Incentivo
Antes de definir as ações das entidades no segundo semestre, o presidente lembrou as vitórias dos últimos meses no Congresso Nacional, como a cessão onerosa dos royalties, a permissão para consórcios contraÃrem operações de crédito e a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem). No Executivo, também houve conquistas, entre elas, a flexibilização do uso das UPAs e a revisão da Lei de Introdução à s Normas de Direito Brasileiro (LINDB), que, mesmo com os vetos, "trouxe mudanças na aplicação da Lei de Improbidade com a possibilidade de uma visão diferenciada do dolo, da culpa e a diferença no trato jurÃdico da gestão local", como explicou a consultora Elena Garrido.
Para Aroldi, a XXI Marcha foi um divisor de águas, o momento em que "o presidente da República, ministros e o Congresso Nacional sentiram a nossa força". A abordagem de alguns temas mais sensÃveis, porém, exige a união dos representantes das estaduais, das microrregionais e dos consórcios, para os quais o presidente da Confederação fez o alerta. "Tivemos uma parceria com deputados e senadores, muitas pautas avançaram em 2017, mas foi no mÃnimo uma irresponsabilidade jogar nos ombros de prefeitos e prefeitas uma situação tão importante e grave como a do saneamento e dos resÃduos sólidos. PaÃs nenhum resolveu o problema jogando a responsabilidade na gestão local", comparou.
A discussão dos lixões e dos aterros sanitários, dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate à s Endemias (ACS e ACEs) e dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) recebeu atenção especial. Além de apontarem os prejuÃzos das decisões e desentendimentos entre os Entes Federativos e órgãos de controle, os representantes dos Estados concordaram ser necessários posicionamento unificado e orientação para os gestores.
Fundef
Sobre a diversidade de procedimentos adotados pelos MunicÃpios brasileiros na aplicação dos recursos que alguns estão recebendo a tÃtulo de ressarcimento da União, correspondentes a repasses que deveriam ter sido realizados por conta do Fundef e que não aconteceram na época certa, a CNM esclarece que concorda com posição do TCU.
A entidade orienta que esses valores, precatórios do Fundef, deverão ser utilizados de acordo com a orientação exarada em Acórdãos (1.824/2017 â?? TCU â?? Plenário e 1.962/2017 â?? TCU - Plenário), que, em linhas gerais, desobriga a utilização de 60% dos recursos para a remuneração de professores, considerando a natureza extraordinária desses recursos.
O Acórdão determina que os MunicÃpios se abstenham de utilizar os recursos oriundos dos precatórios do Fundef "para o pagamento de profissionais do magistério ou a quaisquer outros servidores públicos, a qualquer tÃtulo, a exemplo de remuneração, salário, abono ou rateio". Alerta ainda a Corte de Contas que a não observância dos entendimentos manifestos no Acórdão, pode ensejar a responsabilização dos agentes públicos que derem causa ao descumprimento.
Por último, os membros do Conselho debateram a proposta municipalista da reforma tributária e os pontos apresentados pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) na Comissão Especial que analisa o assunto na Câmara; a criação de MunicÃpios, também em análise no Congresso; e a obrigação de CNPJ na área de educação.