Conselhos apontam déficits na saúde do TO e devem interditar Hospital de Dianópolis - Tribuna do Interior

Tribuna do Interior

Tocantins, quarta-feira, 24 de abril de 2024.
14/06/2018 - 17h30m

Conselhos apontam déficits na saúde do TO e devem interditar Hospital de Dianópolis

Por Wendy Almeida 
Foto: Divulgação
Sem quantidade suficiente de médicos, Hospital de Dianópolis deve ser interditado
Sem quantidade suficiente de médicos, Hospital de Dianópolis deve ser interditado

O Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO) apresentaram à imprensa, na manhã desta quarta-feira, 13, dados sobre a saúde do Estado. Os órgão apontaram, entre outros problemas, a falta de leitos de internação e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), filas de espera para cirurgias eletivas, superlotação nos hospitais dos grandes centros, necessidade de reativação das unidades de pequeno porte e déficit de profissionais no interior. Conforme as entidades, o caso mais crítico é o do Hospital de Dianópolis que provavelmente será interditado eticamente.

Durante a entrevista, a presidente do CRM-TO, Jussara Martins, definiu a saúde do Tocantins como "deficitária". "Existem muitas unidades que o único recurso que ela tem é uma ambulância para transportar o paciente. E às vezes, a ambulância sai do município para uma cidade maior, já precisando voltar depressa pra pegar um outro paciente", relatou.

Após elencar os problemas constatados nos hospitais durante as fiscalizações, como filas de espera, corredores superlotados, dificuldade de marcação de consultas, exames e cirurgias e retração de leitos; o presidente do CFM, Carlos Vital, pontuou ser necessário o financiamento adequado na saúde, competência administrativa para uma efetiva aplicação das verbas, além de um sistema nacional de controle e avaliação que possa evitar distorções e desvios do erário público.

Ele aponta que nos últimos dez anos o governo federal deixou de aplicar mais de R$ 170 bilhões no Sistema �nico de Saúde, um recurso que, conforme o dirigente do CFM, foi aprovado no orçamento, disponibilizado, mas não foi utilizado.

Reativação dos hospitais municipais
Segundo o CRM-TO a centralização dos atendimentos nos hospitais de alta complexidade, com a desativação dos hospitais de pequeno porte é um fator que agrava a situação da saúde no Estado. Isso gera, por exemplo, a superlotação nas unidades de referência que ficam em Palmas, Araguaína e Gurupi.

A solução que vem sendo defendida já há muito tempo pelo Conselho é a reativação das unidades municipais, entre elas as de Monte do Carmo, Silvanópolis e Porto Nacional. "Os hospitais de assistência terciária, são de alta complexidade e o dia leito custa muito caro. Então, se tiver unidades secundárias, com uma boa assistência, já reduz a vinda do paciente para unidade terciária e diminui a fila de espera de cirurgias eletivas", explicou Jussara Martins.

Corredores do HGP
Em outubro de 2016, o CRM chegou a interditar eticamente o HGP para a desocupação da tenda/anexo e dos corredores do hospital, por entender que a prática adotada era "desumana", feria os direitos dos pacientes que ficavam expostos, além dos protocolos éticos do exercício da medicina. Em abril deste ano, ao perceber que as providências de melhorias foram tomadas, como a desinstalação da tenda e a criação da unidade de tomada de decisão, o órgão comunicou a desinterdição.

De acordo com a presidente do CRM-TO, entretanto, os problemas foram parcialmente solucionados. Jussara informou que atualmente ainda existem pacientes internados nos corredores das alas da unidade de saúde, aguardando a liberação de vagas nos leitos. Um quadro que pode explicar, pelo menos em parte, o motivo dessa superlotação do HGP, conforme mostrou o CT em reportagem exclusiva; é o encaminhamento indevido de pacientes pelas Unidades de Pronto Atendimento de Palmas (UPAs).

Em janeiro deste ano, 91% dos pacientes (719) foram encaminhados inadequadamente para o HGP, somente 7%, ou seja, 74 pacientes foram encaminhados corretamente para unidade. Os dados de fevereiro não são tão diferentes. Dos pacientes encaminhados pela UPAs de Palmas, 93% (552) poderiam ter sido atendidos nas unidades municipais e apenas 7% (41 pacientes) realmente estavam necessitados de atendimentos de alta complexidade.

O CT constatou que casos como dores na região lombar, dores de cabeça, dores de ouvido, infecção intestinal, dores de garganta, além de outros sintomas constam dos relatórios de atendidos no HGP e que foram encaminhados pelas UPAs de Palmas. Atendimentos de baixa complexidade, que deveriam ter sido feitos nos postos de saúde ou na própria UPA são encaminhados para o HGP e ajudam a aumentar as filas por atendimento.

Sobre essa deficiência, a presidente do CRM-TO comentou que "a falha na atenção básica acaba gerando uma doença que precisa de hospitalização". Jussara, que é pneumologista, lembrou que a tuberculose, por exemplo, é pra ser diagnosticada na unidade básica, ou seja, no posto de saúde. "Quando a unidade básica não diagnóstica e o paciente adoece ele vai para o hospital. Mas o hospital não é lugar de fazer diagnóstico de tuberculose, não é lugar de chegar uma pneumonia simples, mas chega", enfatizou.

© 2015 - Tribuna do Interior - Todos os direitos reservados.
Expediente