Após a decisão da comunidade Krahô de não participar dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, o CT ouviu a coordenadora tocantinense do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Laudovina Pereira, que afirmou que a posição da etnia fortaleceu o debate sobre o evento e garantiu que existem outras etnias que "não vão participar" da competição, mas não se manifestaram oficialmente.
De acordo com Laudovina Pereira, os indígenas são críticos ao evento e condenam as prioridades da União. "Só comparar o valor reservado aos Jogos Mundiais para a demarcação das terras indígenas, por exemplo. O governo não pode fazer este evento em meio a tantos conflitos", disse a coordenadora do Cimi, acrescentando ainda que o Executivo "não abriu espaço para conversar com os povos".
A coordenadora do Cimi destaca que a decisão dos Krahô repercutiu entre os indígenas. "Outros povos acharam interessante a posição. Todos têm discutido internamente esta questão da participação. O povo Apinajé dá impressão que pode fazer o mesmo [desistir de participar do JMI]. Eu não posso confirmar, mas admiraram muito a posição", afirmou Laudovina Pereira.
Até a organização dos Jogos Mundiais Indígenas foi criticado. Laudozina Pereira questiona a limitação da participação. A coordenadora do Cimi afirma que o JMI convidou apenas poucos membros de cada etnia, e algumas tribos sequer foram convidadas, citando como exemplo os Krahô-Kanela.
Laudozina Pereira avaliou que o evento internacional não irá trazer qualquer benefício aos indígenas. "Quem mais vai ganhar com os jogos é a cidade de Palmas, não os povos. Existe o lado importante da interação, mas o evento não permitirá que a sociedade discuta temas importantes dos indígenas", disse.
Conscientização da questão indígena
Apesar disso, a coordenadora do Cimi afirma que os indígenas irão aproveitar a mídia internacional para mostrar "o outro lado dos Jogos". "Vão produzir material em inglês para possibilitar que o mundo veja a questão dos indígenas", explica Laudovina Pereira, citando que temas como a paralisação das demarcações de terras e os projetos no Congresso Nacional que agridem direitos dos povos serão abordados.
"O que tenho mais escutado [dos índios] é que a participação não são dos povos, mas para divulgar a cidade de Palmas, a Capital do Tocantins. Será um grande evento e Palmas tem que se sair bem", afirmou.
Debate
Por fim, Laudovina Pereira destacou a realização de seminário em Palmas para discutir todas as pautas indígenas e a realização dos Jogos Mundiais. O evento será realizado no Colégio Marista, na quarta, 23, e quinta-feira, 24.