Tribuna do Interior

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09/01/2016 - 13h18m

Em Natividade Religiosidade e tradição caminham juntas nas comemorações dos Festejos de Santos Reis

Simone Camelo Araujo 
Simone Camelo Araujo

O município de Natividade, distante 218 km da Capital, celebrou de 31 de dezembro a 6 de janeiro uma tradição secular, os Festejos de Santos Reis, na Fazenda Brejão. A festividade, manifestação religiosa e cultural, destaca o exemplo de família, fazendo referência à visita dos Reis Magos ao menino Jesus quando do seu nascimento. A Fazenda Brejão, a 18 km de Natividade, reuniu devotos de várias localidades.

A programação começou com a saída das folias, no dia 31 de dezembro. Durante sete dias, no período noturno, os foliões saíram de porta em porta e se tornaram mensageiros, que através das orações e cantos anunciam o nascimento de Cristo. As folias, em número de três, são reconhecidas de acordo com a região do percurso, chamadas de Folia de Cima, do Gerais e de Natividade.

Dia 6, ápice da festa, começou com o Encontro das Folias. Após, os cantos do encontro, das rodas e catiras, foi servido o jantar. Os agradecimentos pela mesa farta foram entoados através dos benditos. Em seguida, foi celebrada a missa pelo padre Pedro Nunes de Novais, da Catedral de Porto Nacional. A festa continuou com a buscada e levantada do mastro e finalizou com o forró animado do Valdecy dos Teclados.

Os festeiros de 2016 são o jovem Imperador Fernando Nunes Cardoso e a Imperatriz sua avó Antônia Alves Neto, juntamente com o Capitão do Mastro Nilsiron Gomes Bonfim (Candeia) e a Rainha do Mastro Jeane Lorraine Dias.

Fartura de alimentos é a palavra de ordem, como forma de agradecimento aos Santos Reis que, segundo a crença, mandam as chuvas, colaborando diretamente na produção anual. Bolos e comidas tradicionais foram servidos a todos os devotos. Segundo informações dos organizadores, foram preparados 60 kg de arroz, 80 unidades de frangos, cinco vacas, dez porcos entre outros produtos da farta mesa festiva nativitana.

A fé cultivada é repassada entre as gerações envolvendo os mais jovens. Nas folias, duas crianças se destacaram. Teone e Jean Carlos acompanharam os seus pais, que são foliões, durante os sete dias no Giro de Natividade.

Teone Teixeira da Silva, filho do violeiro Getúlio Carneiro, desde muito pequeno toca o pandeiro e a caixa. Comemorou seus 9 anos com muita satisfação, no último dia 5, desempenhando a função de folião de Santos Reis. Um de seus cantos traduz a participação e os ensinamentos: "...Esse dom foi Deus que me deu. Eu já nasci com ele, vem da minha geração. Pra girar folia, não precisa de tamanho, só de disciplina e incentivação. Daí pra frente, a proteção divina que ilumina a vida do folião. Se você não sabia, aprenda essa lição."

O jovem Fernando disse que realizou um grande sonho, pois desde muito pequeno era seu desejo ser o imperador, ao lado da sua avó. E foi assim que aconteceu. Ou seja, trouxeram Deus para a sua comunidade. Cumpriram uma missão com muita fé na família, dando o significado aos festejos, que mobilizam a cada ano tantos devotos em várias localidades do Brasil, garantindo a sua preservação.

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