Tribuna do Interior

Tocantins, Quinta-feira, 28 de março de 2024.
22/10/2015 - 14h17m

Mais um caso de suicídio em Arraias (TO). A vítima foi uma jovem de 19 anos

Do blog Dinomar Miranda 
Do blog. Dinomar Miranda

Mais um caso de suicídio abalou a cidade de Arraias, sudeste do Tocantins. 
Dayane de Castro, uma jovem de 19 anos, foi encontrada morta no início da tarde desta quarta-feira (21). 
Segundo informações da Polícia Civil de Arraias, era por volta das 13h, quando uma parente dela, que trabalha na delegacia local, foi avisada de que uma tragédia tinha ocorrido na casa da família e quando chegou ao local, presenciou a cena dantesca.  
As primeiras informações dão conta de que o marido da moça dormia no quarto ao lado, quando foi acordado pelo bebê do casal, que, possivelmente assustada, presenciou Dayane já sem vida. 
Ela usou uma corda para cometer o suicídio. 
Dayane de Castro era estudante do curso de Educação do Campo, da Universidade Federal do Tocantins, e morava no Setor das Laranjeiras. 
Era casada e tinha uma filha de cerca de três anos de idade. A polícia também informou que ela teria deixado uma carta, que ainda não chegou às mãos dos agentes.  
O corpo de Dayane de Castro, que era parente próxima do blogueiro Carlos Alencar, foi encaminhado, por volta das 15h, para o Instituto de Medicina Legal de Porto Nacional, onde deverá ser feita a perícia cadavérica.
Só depois será liberado para a família realizar as celebrações fúnebres. 
Terceiro caso registrado em Arraias 
Os repetidos casos de suicídios na pequena cidade tocantinense tem assustado moradores, que tentam buscar explicações. 
No início de setembro, o jovem João de Deus Soares de Melo, conhecido como "Deuzim", também usou uma corda para se matar. 
Na carta, Deuzim se despede da família e dos amigos, mas não justificou porque cometeu um ato tão grave e atentatório contra a sua vida. 
Dias antes, em 23 de agosto, um cabo da polícia militar também resolveu tirar a própria vida, usando uma arma de fogo. 
João Fernandes deu um tiro na cabeça, mas também acertou fatalmente um colega de farda e também amigo, cabo Messias, que tentava impedi-lo de cometer o ato insano.  
As mortes dos militares de forma tão inesperada e repentina deixaram a cidade de Arraias chocada. 
Semana passada, a Polícia Militar foi acionada e conseguiu deter um jovem, que, de cima de uma árvore, também tinha a intenção de se matar. 
A pergunta é por que tantos casos de suicídios em tão pouco tempo? 
Será que não está na hora do Poder Público começar a investigar as prováveis causas?
Não seria a hora de se convocar médicos especialistas em saúde mental?  
Nos três casos fatais, o comum é que nenhuma das vítimas deu qualquer sinal de transtorno mental, depressão ou surto, por exemplo. 
Nas redes sociais, Dayane de Castro aparece sempre sorridente e parece muito feliz ao lado do marido e de sua filhinha. 
Assim que a triste notícia ia chegando aos ouvidos de seus amigos, grande parte recorreu ao perfil dela no facebook para expressar os sentimentos de dor, de incredulidade e consternação. 
"Desculpe por não ter te ajudado, sei que também tenho parte nisso. Quero que saiba que onde quer que esteja eu sempre vou te amar, por tudo que sempre foi e sempre vai ser na minha vida. Te amo, Daiane. Fique em paz", escreveu uma miga. 
"Olha minha prima, sinceramente não da pra acreditar, que isso aconteceu estamos sem chão, tão linda sorridente, desejo muita força a nossa família Castro, que Deus tenha essa guerreira em um bom lugar, vamos sentir muita saudades, força família, força,triste triste", desabafou uma prima. 
Explicação
A imprensa em geral não tem o costume de publicar casos de suicídios. 
Há um tabu e até um temor de que este tipo de publicação possa incentivar outras pessoas, com tendência ao suicídio, a cometer o ato fatal. 
Este blog publica porque é notório que os casos de suicídios em nosso país se tornaram uma questão de saúde pública. 
Há de milhares de casos registrados anualmente no Brasil. 
Como é um tabu, nem governo, nem a sociedade e nem a polícia desenvolvem ações de políticas públicas de prevenção. 
Segundo a Fio Cruz, ao ano, no mundo, quase um milhão de pessoas morrem em decorrência de suicídio. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ato está entre as dez causas de morte mais frequentes em muitos países do mundo. 
No Brasil, são registradas 10 mil mortes por ano, com uma taxa de 4,8 a cada 100 mil habitantes, em 2008. 
Depois destes dados, podemos pensar o suicídio como uma questão de saúde pública? 
Especialistas na área de saúde mental defendem que sim. E acreditam que esses números podem diminuir se aumentarem os debates sobre o assunto. 
Aqui mesmo já escrevemos muito, inclusive divulgando sites especializados em ajuda e prevenção. 

Fizemos até uma campanha contra um shopping de Brasília, onde eram corriqueiros os casos, pela facilidade de acesso.

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