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Tocantins, Quinta-feira, 25 de abril de 2024.
18/08/2017 - 20h34m

Marcelo Miranda e Clenan Renaut são alvos da 5ª fase da Operação Ápia; PF indica ligação com a Reis do Gado

Do Portal CT 
Imagem: Montagem CT
Governador Marcelo Miranda e procuardor-geral de Justiça Clenan Renaut foram ouvidos por ministro do STJ
Governador Marcelo Miranda e procuardor-geral de Justiça Clenan Renaut foram ouvidos por ministro do STJ

A Polícia Federal iniciou nesta sexta-feira, 18, a 5ª fase da Operação Ápia, denominada "Convergência". Segundo a corporação, o nome desta etapa faz referência a interseção existente entre a Ápia e a Operação Reis do Gado. Entre os alvos deste novo estágio da investigação estão o governador Marcelo Miranda (PMDB) e o procurador-geral de Justiça, Clenan Renaut.

Nesta nova etapa, a Polícia Federal aponta que dos R$ 850 milhões para obras de terraplanagem e pavimentação asfáltica realizadas no Estado de 2011 a 2014 - nas administrações de Siqueira Campos e Sandoval Cardoso - mais de R$ 120 milhões foram efetivamente quitados em anos posteriores. O governador Marcelo Miranda (PMDB) assumiu o Executivo em 2015.

O processo da Operação Convergência tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Mauro Campbell Marques e um subprocurador da República vão acompanhar todos os depoimentos da 5ª fase da Ápia. Cerca de 40 policiais federais cumprem nesta sexta-feira, 18, mandados de busca e apreensão e intimações.

Ápia
Deflagrada em outubro do ano passado, a Operação Ápia apura desvios de recursos que vieram do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), intermediado pelo Banco do Brasil, que disponibilizou R$ 535 milhões para a fonte nomeada de Proinvest; e em outras duas linhas de crédito, denominadas Pró-Estado I e II, com R$ 250 milhões e R$ 260 milhões, respectivamente, vindos da Áustria. Do total de R$ 1,2 bilhão levantados, R$ 850 milhões foram investidos nas obras de pavimentação e terraplanagem, estas alvo da investigação da PF.

De acordo com a Polícia Federal, o suposto esquema era organizado por três núcleos: político, servidor e empresarial. O primeiro era composto por nomes do alto escalão do Estado, como os ex-governadores Sandoval Cardoso (SD) e Siqueira Campos (sem partido), responsáveis por contrair empréstimos, autorizados por Lei Estadual, que também criou o comitê executivo gerenciador dos recursos levantados.

Com a contração dos empréstimos, veio a atuação do núcleo de servidores. A Polícia Federal indica que a comissão da Agência de Máquinas e Transportes (Agetrans) licitou as obras por meio de concorrências públicas fraudadas, restringindo o caráter competitivo. Suspeita-se que o investimento nas obras superaram os R$ 1 bilhão e que os desvios seja contabilizado em volta de R$ 200 milhões.

Os desdobramentos da Operação Ápia chegaram a levar o ex-governador Sandoval Cardoso, o ex-presidente da Agência de Máquinas e Transportes (Agetrans), Kaká Nogueira, e empreiteiros para a prisão. A Polícia Federal também já apresentou relatório parcial das investigações ao ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). A corporação indicia mais de 30 pessoas, entre políticos, empresários e servidores.

Marcelo diz que "não cometeu qualquer ato ilícito" e que está "confiante na análise correta do Judiciário"

A assessoria jurídica do governador Marcelo Miranda (PMDB) afirmou em nota que ele "não cometeu qualquer ato ilícito" e que está "confiante na análise correta pelo Poder Judiciário". Marcelo foi um dos alvos da 5ª fase da Operação Ápia, nesta sexta-feira, 18, denominada "Convergência".

Ainda segundo a nota, Marcelo Miranda estará "à disposição da Justiça, Ministério Público Federal e Polícia Federal, para esclarecer quaisquer fatos, quando tiver acesso aos documentos que deram origem à operação".

Conforme o CT apurou, por não ter tido acesso a esses documentos, Marcelo não respondeu às questões do ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que veio a Palmas para ouvir o governador do Tocantins.

Outro alvo dessa fase da Ápia é o procurador-geral de Justiça, Clenan Renaut. Ele está sendo ouvido por conta de ofícios ao Estado exigindo o pagamento de empreiteiras investigadas.

Nesta nova etapa, a Polícia Federal aponta que dos R$ 850 milhões para obras de terraplanagem e pavimentação asfáltica realizadas no Estado de 2011 a 2014 - nas administrações de Siqueira Campos e Sandoval Cardoso - mais de R$ 120 milhões foram efetivamente quitados em anos posteriores. O governador Marcelo Miranda assumiu o Executivo em 2015.

Alvo de operação, Clenan Renaut diz que recomendação foi para evitar "danos milionários" ao erário

O procurador-geral de Justiça do Estado, Clenan Renaut de Melo Pereira, afirmou em nota no final desta sexta-feira, 18, que não pesa contra ele "qualquer indício de conduta irregular, que desabone seu histórico de 27 anos de Ministério Público e seus 50 anos de serviço público". Ele e o governador Marcelo Miranda (PMDB) foram alvos da 5ª fase da Operação Ápia, deflagrada nesta sexta-feira, denominada "Convergência".

Melo Pereira conta na nota que "foi instado a se manifestar na Justiça por ato praticado no regular exercício de suas funções institucionais, qual seja, a expedição de Recomendação para que o Estado do Tocantins procedesse ao pagamento de contratos decorrentes de financiamento adquirido junto ao Banco do Brasil mediante autorização legislativa (Lei Estadual no 2.701/13)".

Segundo o procurador, a recomendação teve por finalidade proteger o erário estadual de danos milionários, decorrentes de juros, multas, correção monetária e da cotação da referida dívida em dólar, que na época atingia um dos valores mais elevados da história. "A ocorrência destes danos foi confirmada em perícia contábil realizada pelo Centro de Apoio Operacional do Patrimônio Público do MP-TO", diz a nota.

Melo Pereira explicou ainda que a recomendação "não nominava nenhum dos prestadores de serviço a serem pagos, tendo o Estado do Tocantins a obrigação de verificar quais se encontravam legalmente habilitados a ter as suas dívidas quitadas. Inclusive, constava expresso na Recomendação que o Estado deveria efetivar os pagamentos na forma da Lei".

O procurador ressaltou ainda que recomendação "é peça ministerial de caráter administrativo, não sendo obrigatória a sua efetivação".

Melo Pereira, por fim, ressaltou que "não possui qualquer vínculo com o exercício profissional de seus filhos", citados na Operação Ápia.

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