A Folia do Divino EspÃrito Santo é uma das mais antigas e difundidas devoções do catolicismo popular e faz parte do calendário de festas tradicionais do Estado. Celebrada de janeiro a julho, as folias anunciam a presença do EspÃrito Santo em suas diversas manifestações. Está presente nos municÃpios de Santa Rosa do Tocantins, Silvanópolis, Paranã, Natividade, Monte do Carmo e Almas.
Em cada localidade, a celebração do Divino EspÃrito Santo assume caracterÃsticas próprias, porém, mantém alguns elementos em comum como a pomba branca, a santa coroa, a coroação do imperador e a distribuição de esmolas e comida. A programação envolve várias atividades como missa, giro da folia, romaria com bandeiras, festa do capitão do mastro, festa do imperador e cavalgada.
Um dos pontos altos da celebração, o giro da folia representa as andanças de Jesus Cristo e seus 12 apóstolos durante 40 dias, levando a sua luz e a sua mensagem, convidando todos para a festa. Os foliões andam em grupo de 12 ou mais homens, conduzidos pelo alferes. Esse grupo percorre as casas dos lavradores, abençoando as famÃlias e unindo-as em torno da celebração da festa que se aproxima.
Natural de Monte do Carmo, a 97 km de Palmas, a jornalista Marilda Amaral conta que faz questão de participar todos os anos da folia. Mesmo depois que deixou o municÃpio para estudar e trabalhar, sempre esteve ligada a suas raÃzes e a essas manifestações culturais e religiosas. "Comecei a pesquisar a cultura e a história de Monte do Carmo. Ã? um projeto pessoal que tem como objetivo registrar a cultura do municÃpio para, quem sabe, deixar para as gerações futuras", destacou.
Ela explica que a folia deste ano iniciou em abril, no domingo de Páscoa e que, ao todo, são 35 dias de celebração, que culmina na coroação do imperador do Divino EspÃrito Santo. "A folia é parte da minha identidade e ajuda a compreender a ligação entre cultura e religiosidade", revelou.
Para a superintendente de Desenvolvimento da Cultura, Noraney Fernandes, a Folia do Divino EspÃrito Santo, como bem cultural da sua gente, representa uma manifestação que congrega não só a fé e a religião, como também a tradição e as particularidades históricas e culturais de cada comunidade, cada municÃpio. Por menos intensa que seja a manifestação, apresenta aspectos do Brasil Colonial, mantidos vivos, como cantigas, variação linguÃstica, costumes e ritual religioso distinto.
"A Folia do Divino fortalece a identidade cultural do Estado do Tocantins e agrega valor à riqueza de miscigenação que o compõe, uma vez que reúne, em uma mesma celebração, traços da cultura portuguesa, indÃgena e africana. Apesar de originalmente ser uma celebração religiosa, é o conteúdo cultural dessa manifestação que a faz marco do patrimônio cultural tocantinense", contextualizou a superintendente.
Origem
A devoção ao Divino EspÃrito Santo, como um movimento religioso católico, tem suas origens em Portugal, chegando ao Brasil no século XIV, por meio dos missionários jesuÃtas e pelos primeiros colonos portugueses. Sendo uma celebração religiosa cristã, teve influência da cultura portuguesa e, na colônia, desenvolveu-se de acordo com as caracterÃsticas da cultura regional brasileira.