Quando Mano Menezes foi demitido em 2012, Tite já era o melhor técnico do Brasil: a CBF de Marco Polo Del Nero e Marin decidiu não esperar o final do Mundial de Clubes e ficou com Felipão. Quando Scolari tomou o 7 a 1, o corintiano seguia no topo, e a cúpula da confederação escolheu reviver Dunga.
Tite nunca foi a primeira opção para Del Nero. Mas, em meio à infindável crise na seleção e inevitável demissão de Dunga, tornou-se a única opção para a CBF. Só ele goza de prestígio na opinião pública e entre os dirigentes da confederação. Não há outro que apareceria como solução para a cúpula entidade.
Ora, quando alguém entra em uma negociação com tais prerrogativas, tem a possibilidade de dar as cartas. Tite impôs o seu ritmo à confederação. Sentou, conversou por três horas e voltou para casa para pensar. A CBF o queria de imediato: frustrou-se. Pode ser comum o treinador gaúcho demorar, mas é incomum dirigentes da confederação terem de esperar por técnico.
Ainda ficou claro que Tite terá poder de barganha para negociar pontos como dirigir ou não o time olímpico (sua preferência é deixa-lo com o treinador atual Rogério Micale), ou montar sua própria comissão técnica (quer levar a maior parte de sua equipe).
Isso porque Del Nero já teve de engolir um sapo: chama para o cargo mais importante de sua confederação um homem que pediu sua renúncia há seis meses. Sim, no final de 2015, Tite assinou um manifesto pedindo mudanças na confederação que incluíam a saída do mandatário com quem agora negocia.
Quando estava forte, sem prisão de Marin e denúncias nos EUA nas costas, Del Nero ignorou o corintiano e ficou com quem lhe seria fiel. Quando tem de evitar aparecer em público, ou viajar para não ser preso, ele se rendeu aos pedidos públicos e convocou Tite para a seleção. Afinal, será um ótimo escudo.
Por isso, Del Nero o mandou buscar de jatinho na terça-feira. Por isso, aceitou esperar por uma resposta mesmo após três horas de reunião. Por isso, torce por um sim enquanto Tite pensa.