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Prefeito Carlos Amastha durante congresso do PSB; na mesa, os ex-deputados Eduardo Gomes e Nilmar Ruiz |
A carta do ex-governador Siqueira Campos (sem partido) ao prefeito de
Palmas, Carlos Amastha, e aos convencionais do PSB foi o conhecido "tapa
com luva de pelica". As alfinetadas, em grande parte, não estavam
expressas, mas, principalmente, nas entrelinhas. A questão é que se há
alguma "nova polÃtica" em algum grupo, sua primeira manifestação dever
ser o respeito. Nada mais ultrapassado, prática antiga e de viés
autoritário do que xingar adversários e tratá-los com desprezo. Se algum
grupo tenta convencer a sociedade de que representa a decantada "nova"
polÃtica, deve fazê-lo com o ingrediente indispensável da educação e do
tratamento humanitário. Sem essas condições básicas, todo o discurso da
suposta "nova" polÃtica cai por terra.
Olhando para as fotos do Congresso Estadual do PSB de domingo, 17, é
possÃvel imaginar como seria a cara da "nova" polÃtica de um possÃvel
governo Amastha. � claro que se trata de mera ilação, sem qualquer
vÃnculo com a realidade. Outra consideração importante para essa
elucubração é que o grupo de Amastha considera todos os polÃticos
presentes no congresso dignos representantes do "novo". Assim, com esses
dois pressupostos, vamos traçar quem seriam os principais nomes do PSB
no comando do Estado, na Assembleia e no Congresso, a partir de 2019.
Um candidato a presidente da AL, representando esta "nova" polÃtica,
seria o atual secretário de Governo de Palmas, Júnior Coimbra (PSB). �
experiente, afinal já presidiu o Poder Legislativo estadual no governo
Marcelo Miranda (PMDB), de quem também foi lÃder na Casa. Coimbra
iniciou sua vida polÃtica no PMDB. Foi prefeito no interior, vereador na
Capital e deputado estadual. Da escola peemedebista, transitou pelo
siqueirismo. Depois desligou-se do ex-governador Siqueira Campos para
acompanhar Marcelo no rompimento da União do Tocantins. Por fim, chegou Ã
Câmara Federal, onde se tornou fiel seguidor do hoje deputado cassado e
devidamente engaiolado em Curitiba, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Outro deputado estadual da "nova" polÃtica seria o atual secretário de
Desenvolvimento Urbano, Ricardo Ayres, que começou sua vida pública como
lÃder estudantil. Aliou-se ao então prefeito de Palmas, Eduardo
Siqueira Campos, ainda nos anos 1990. Depois rompeu com ele e se tornou
braço forte do governo Marcelo Miranda, do qual foi secretário estadual
da Juventude. Ficou como suplente de deputado estadual em 2010, e, para
ter uma chance na AL, compôs novamente com Eduardo Siqueira Campos no
último governo Siqueira Campos. Ricardo chegou, enfim, à AL em 2015 como
titular. Voltou a integrar o grupo do governador Marcelo Miranda, com
quem rompeu recentemente para se aliar à "nova" polÃtica de Amastha.
Outro possÃvel deputado estadual â?? repetindo: mera especulação â?? seria
José Geraldo (PTB), também siqueirista. Atualmente ele é secretário do
Desenvolvimento Social da "nova" polÃtica de Palmas. Após o governo
Siqueira Campos, de quem foi base, chegou a assumir a superintendência
da Agricultura do Tocantins, indicado pela então ministra Kátia Abreu.
Deixou o cargo pouco depois e também passou a integrar a "nova" polÃtica
de Amastha.
Nas fotos do congresso do PSB aparece outra figura importante, que tem
perfil para chegar à AL, a ex-vereadora Warner Pires (PSD). Ela e o
marido, o ex-vice-governador Raimundo Boi, por décadas simbolizaram o
siqueirismo de tão identificados que eram com o ex-governador.
Dois ex-petistas poderiam compor a AL no governo Amastha: o suplente de
deputado Alan Barbiero (PSB), que já assumiu secretarias na atual gestão
da Capital, e o secretário municipal de Educação, Danilo Melo. Em 2006,
Barbiero chegou a anunciar que estava se licenciando da reitoria da UFT
para ficar à disposição do PT e ser um possÃvel candidato a
vice-governador de Marcelo Miranda. Por fim, descobriu-se que não
existia licença para reitor, mas só renúncia, e ele preferiu não
arriscar. Depois foi secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do último governo Siqueira Campos e disputou vaga para a AL
em 2014 no grupo do ex-governador Sandoval Cardoso (SD).
Danilo Melo foi secretário de Educação de Palmas em toda a gestão do
ex-prefeito Raul Filho, na época pelo PT. Depois, convidado por Eduardo,
assumiu a mesma pasta no último governo Siqueira. Chegou a se desfiliar
do PT quando o partido deixou de apoiar a gestão e exigiu que seus
membros entregassem os cargos. Danilo também foi candidato a deputado
estadual pelo grupo de Sandoval Cardoso.
Para deputado federal, a "nova" polÃtica poderia ter como representante o
ex-prefeito de Axixá Auri-Wulange Ribeiro Jorge (PSB). Ele teve uma
passagem pelo PSD, não gostou do que viu e deixou a legenda para se
aliar ao governo Siqueira Campos. Auri se tornou braço direito de
Eduardo no Bico do Papagaio, a quem apoiou para deputado estadual em
2014. Hoje é o principal representante da "nova" polÃtica de Amastha no
extremo norte do Estado.
Pelas fotos vi o ex-deputado federal Antônio Jorge (PTB), também
siqueirista empedernido. Muito experiente, ele também poderia ser um dos
representantes da "nova" polÃtica na Câmara Federal.
Amastha ainda poderia contar com a ex-deputada federal e ex-prefeita de
Palmas Nilmar Ruiz. Ela chegou ao Tocantins pelas mãos do siqueirismo.
Foi secretária municipal e estadual de Educação de governos utistas,
antes de alcançar a prefeitura, também pelas mãos do grupo do
ex-governador, com quem rompeu nas eleições de 2004 e seguiu com
Marcelo. Com o apoio do peemedebista chegou a deputada federal em 2006. A
partir de 2011 voltou a se entender com o siqueirismo e comandou pastas
na última gestão do ex-governador.
Para o Senado, a "nova" polÃtica seria representada pelo ex-deputado
federal Eduardo Gomes (SD). Também siqueirista histórico, Gomes foi um
dos homens mais próximo de Siqueira e Eduardo nas últimas décadas. Um
dos raros a permanecer fiel ao siqueirismo enquanto essa corrente pôde
imperar na polÃtica tocantinense. Na última eleição disputou o Senado ao
lado de Sandoval Cardoso.
Dois nomes ainda estranhos ao eleitor tocantinense comporiam o quadro
dessa "nova" polÃtica. Dos dois sabe-se alguma coisa do vereador Tiago
Andrino, que teria começado a vida polÃtica no PCdoB, ainda no movimento
estudantil. Depois de se tornar um dos homens fortes de Amastha,
renegou os princÃpios marxistas e cerrou fileiras no "direitoso" PP,
para seguir o chefe. Quando este decidiu ir para o PSB, Andrino deixou o
PP e releu o "Manifesto Comunista". Agora é pré-candidato a deputado
estadual pelo PSB.
Outro que poderia completar esse quadro da "nova" polÃtica é um total
desconhecido, Adir Gentil, atual subprefeito da Região Sul. Ninguém sabe
da história dele, apenas que parece ter sido deputado por Santa
Catarina, não se sabe se pela "nova" polÃtica de Jorge Bornhausen ou se
pela "nova" polÃtica de Esperidião Amin. Ã?nica informação disponÃvel é
que está tentando construir uma candidatura a deputado federal. Fora
isso, incógnita abismal.
Renunciando ao mandato em abril, Amastha deixaria o comando da "nova"
polÃtica de Palmas para a vice-prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), que por
16 anos foi a mais próxima aliada de um dos maiores polÃticos da
história do Tocantins, o senador João Ribeiro (PR), também sempre fiel
ao ex-governador Siqueira Campos, mas que construiu a própria escola
polÃtica. Cinthia tem se mostrado uma polÃtica hábil, e não resta dúvida
de que os ensinamentos do grande senador não foram em vão.
Por fim, na cadeira do Palácio Araguaia estaria a personificação da
"nova" polÃtica, o governador Carlos Amastha. Grande empresário que se
revelou um excelente gestor público, Amastha sempre teve apoio da
"velha" polÃtica do Estado. A festa de lançamento do Capim Dourado
Shopping, no Espaço Cultural, por volta de 2007, foi uma das maiores já
realizadas na Capital. Naquela noite todos os holofotes e agradecimentos
foram direcionados a duas personalidades, em missa de corpo presente: o
governador Marcelo Miranda e a primeira-dama Dulce Miranda.
Quando quis transitar pelos tortuosos caminhos da polÃtica, Amastha se
filiou ao PV do então deputado estadual Marcelo Lelis, de quem era muito
próximo. Rompeu com Lelis quando quis disputar a Prefeitura de Palmas e
os dois se tornaram inimigos figadais, de ataques via redes sociais que
fugiam totalmente do respeito e do espÃrito humanitário que devem reger
a "nova" polÃtica.
No seu palanque em 2012, Amastha contou com apenas dois fortes apoios:
Wanderlei Barbosa (SD) e Sargento Aragão (PEN). O primeiro ligado desde o
inÃcio da carreira com o siqueirismo, com quem rompeu em 2003, na
homérica briga pela presidência da Câmara de Palmas, que venceu. Então,
aliado do candidato a prefeito Raul Filho, construiu uma nova história a
partir de 2004. Foi aliado Marcelo Miranda, depois voltou a se alinhar
com Siqueira Campos e disputou vaga na AL em 2014 com Sandoval Cardoso.
Aragão foi sempre o antissiqueirista, assim, nunca teve qualquer relação
com o ex-governador, mas compôs a base de Marcelo Miranda na AL e
ocupou secretaria em gestão do peemedebista.
Já Amastha apoiou a reeleição de Carlos Gaguim em 2010 e de Sandoval
Cardoso em 2014. Agora se prepara para ele próprio tomar o "trono" em
nome da "nova" polÃtica do Tocantins. Quando interessante se aproxima de
Marcelo e da senadora Kátia Abreu, quando não, vai para o
Twitter, os detona e se afasta, uma prática que se repete de forma até rotineira.
Enfim, todo esse histórico é para dizer que o mero rótulo de "novo" e
"velho" não diz nada. Se essas personalidades, a maioria delas, estão
hoje com Amastha é porque ele reconheceu valores nelas que não surgiram
quando se aproximaram dele, mas que já existiam quando pertenciam ou ao
grupo de Siqueira Campos ou de Marcelo Miranda, dois homens públicos que
erraram muito, mas que também deram gigantescas contribuições ao
Tocantins. Muitos que continuam na oposição a Amastha também têm enorme
valor à sociedade e, por consequência, possuem muito a oferecer ao
Estado.
Sempre digo que os cidadãos têm o direito de até sair do tom contra os
polÃticos, porque estão extremamente decepcionados. Contudo, os lÃderes,
não. Precisam manter a compostura, a serenidade e o respeito em meio à s
mais profundas divergências.
� só assim que vamos construir um Estado melhor, mais forte e do sonho
de todos nós, ou seja, um novo Tocantins e uma verdadeira nova polÃtica.
CT, Palmas, 19 de setembro de 2017.