Tribuna do Interior

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29/11/2017 - 19h35m

Três são condenados a mais de 20 anos por assassinato de jornalista Mateus Jr; mulheres são absolvidas

WENDY ALMEIDA, do Portal CT 
Foto: Divulgação
O jornalista era assessor de comunicação da Federação da Agricultura (Faet), foi secretário estadual de Comunicação e assessorou ainda órgãos como a Câmara de Palmas e a Federação do Comércio (Fecomércio).
O jornalista era assessor de comunicação da Federação da Agricultura (Faet), foi secretário estadual de Comunicação e assessorou ainda órgãos como a Câmara de Palmas e a Federação do Comércio (Fecomércio).

O juiz da 2ª Vara Criminal de Palmas, Francisco de Assis Gomes Coelho condenou três, dos cinco acusados pelo Ministério Público Estadual (MPE), de assassinar o jornalista Mateus Júnior, 46 anos, por latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação de cadáver. Bráulio Breendon Gonçalves Alencar deve cumprir 21 anos e três meses de prisão, Thiago Cruz Alencar, 23 anos e três meses e Ronie Von Pereira da Silva, 21 anos, todos em regime fechado e com pagamento de multa. Já em relação a Jackeline Cleia Araújo Dutra e Jaqueline Ferreira Gomes o magistrado determinou a suspensão condicional do processo e a expedição de alvará de soltura.

A sentença é do dia 21 de novembro. Para Coelho, as provas contra os três são inquestionáveis e eles não terão direito de recorrer em liberdade. Conforme a decisão, todos confessaram a participação no crime que ocorreu em setembro do ano passado., mas negaram a responsabilidade pelo ato de execução que ceifou a vida da vítima. Mesmo assim, os três vão responder pelo roubo qualificado pela morte praticado em concurso.

"Em que pese essa negativa, este julgador se encontra convicto de que os denunciado Bráulio Breendon, Thiago Cruz e Ronie Von, concretizaram - em coautoria, - o ilícito de roubo qualificado pelo resultado morte, conforme devidamente evidenciado pelos meios de provas componentes deste processo [...] pouco importa perquirir sobre qual processado foi o responsável por executar a conduta que provocou asfixia mecânica na vítima, levando-a a óbito", enfatizou o juiz.

Com relação as mulheres que também estavam presentes no local do crime, Jackeline Cleia Araújo Dutra e Jaqueline Ferreira Gomes, o juiz entendeu que elas não tiveram participação no crime de roubo qualificado, que lhes foi imputado na denúncia e determinou a expedição dos alvarás de soltura das duas.

Para o MPE, as acusadas, "intencional e voluntariamente", auxiliaram os réus na dinâmica do crime, portanto, mereciam ser responsabilizadas penalmente e ser punidas. Contudo, no entendimento do juiz, não ficou provado "a incidência, ao tempo do ilícito, de alguma pretensão/vontade finalística - por parte de Jackeline Cleia ou de Jaqueline Ferreira - de qualquer delas apoderar-se dos objetos da vítima e, muito menos, de algumas delas realizar ato de execução com o escopo de provocar o óbito de Francisco Mateus Júnior da Silva".

- Leia a íntegra da sentença.

Entenda
O jornalista Francisco Mateus da Silva Júnior desapareceu no dia 3 de setembro de 2016. A casa dele foi encontrada em desordem na manhã do dia 5 do mesmo mês, pela funcionária que trabalha no local. No dia 7, a Polícia Civil (PC) prendeu alguns suspeitos nas cidades de Nova Rosalândia. Nesse mesmo dia, com a ajuda de um dos envolvidos que confessou o crime, a corporação localizou, próximo a uma estrada vicinal em Lajeado, o corpo do jornalista.

Braulio Breendon Gonçalves Alencar, que se dizia amigo da vítima há 2 anos, bem como, Thiago Cruz Alencar e Jackelyne Cleia Araújo Dutra foram detidos no dia 7 de setembro. Jaqueline Ferreira Gomes, namorada de Braulio, se apresentou no dia 6 de outubro, após tomar conhecimento do mandado de prisão preventiva expedido contra ela. Já Ronie Von Pereira da Silva, acusado de ser o executor do crime, foi preso em Goiânia no dia 22 de novembro de 2016.

Eles afirmaram, em depoimento, que na madrugada do dia 2 de setembro do ano passado estavam em um bar, de lá foram a uma distribuidora comprar bebidas e seguiram para a casa de Mateus Júnior para "confraternizar". Ao chegar no local e se depararem com "alto padrão" de vida do jornalista, decidiram rendê-lo para roubar seus pertences.

O resultado do laudo necroscópico feito no corpo da vítima desmentiu a versão dos suspeitos de que Mateus Júnior teria morrido por asfixia decorrente de problemas respiratórios, após eles o amordaçarem. Na verdade, o Instituto Médico Legal de Palmas (IML) constatou que o jornalista morreu por enforcamento ou estrangulamento possivelmente com um "tecido torcido parcialmente".

Os envolvidos no crime, caracterizado pela Polícia como latrocínio, já possuíam passagens policiais por posse de drogas, furto, receptação e assaltos a residências. Também já teriam cometido outros homicídios, mas estavam em liberdade.

A primeira audiência de instrução e julgamento para apurar a morte do jornalista Mateus Júnior ocorreu no dia 2 de maio deste ano. Em depoimento, o titular da 1ª Delegacia de Polícia da Capital, Jéter Aires Rodrigues, afirmou que a Polícia Civil conseguiu chegar até todos os acusados do assassinato por meio de interceptação telefônica que investigava outro crime e estava sendo realizada pela Delegacia Especializada em Investigações Complexas (Deic).

O jornalista era assessor de comunicação da Federação da Agricultura (Faet), foi secretário estadual de Comunicação e assessorou ainda órgãos como a Câmara de Palmas e a Federação do Comércio (Fecomércio).

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