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Tocantins, Terça-feira, 23 de abril de 2024.
25/09/2015 - 18h42m

Audiência pública na AL debate problemas dos povos indígenas

Elpídio Lopes-AL 
Foto: Sílvio Santos
Deputado Zé Roberto preside Audiência Pública das causas dos povos indígenas
Deputado Zé Roberto preside Audiência Pública das causas dos povos indígenas

Mediante solicitação do deputado Zé Roberto (PT), foi realizada na tarde dessa quinta-feira, dia 24, na Assembleia Legislativa, uma audiência pública que tratou das questões referentes Ã  existência dos povos indígenas do Tocantins. Dirigida inicialmente pelo presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), deputado Rocha Miranda (PMDB), a reunião depois se transferiu ao comando do parlamentar petista. O evento reuniu representantes dos povos Xerente, Krahô, Krahô-Kanela, Karajá, Apinajé, Krikati, e de quilombolas, do MST e da direção do Conselho Indigenista Missionário do Tocantins (CIMI).

Falando em nome das demais etnias, o índio de Tocantinópolis, Antônio Apinajé, afirmou que todas as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas estão sofrendo vários impactos no Estado, provocados por obras públicas e projetos agrícolas que não respeitam suas áreas. Antônio destacou que os maiores problemas ainda são os desmatamentos e a poluição dos mananciais, provocados pelo plantio indiscriminado de cana, soja e eucaliptos, e por barragens.

O indígena, bem como a maioria dos presentes, criticou a lei estadual 2713/13, por permitir derrubadas sem licenciamento nem estudos de impactos ambientais. "Ninguém quer ser culpado por impedir o desenvolvimento, mas quem vai produzir água para nós depois? Que futuro teremos daqui a 50 anos?", questionou.

As lideranças criticaram também a PEC- 215/2002, que tramita na Câmara dos Deputados. Ela propõe transferir do Executivo ao Legislativo a apreciação das demarcações de áreas indígenas. Outra crítica foi apontada sobre a implantação do Matopiba. "Como será implantado um projeto desse tamanho, quando faltam garantias de direitos? Pode ser mais um meio de prejudicar os povos nativos", refletiu Antônio Apinajé.

O chefe dos serviços de gestão da Funai no Tocantins, Eduardo Biagiani falou que o órgão enfrenta dificuldades para cumprir suas funções, devido a falta de recursos e valorização dos servidores. A fundação foi bastante criticada pelos ativistas.

No final do encontro, Zé Roberto propôs a criação de uma comissão mista formada por cinco deputados para visitar e conhecer in loco os problemas das comunidades. Quanto à Lei 2713, o parlamentar disse que vai apresentar emenda para adequá-la à legislação federal. Em pleno acordo com Rocha Miranda, também prometeu solicitar ao governador Marcelo Miranda (PMDB) a criação de um órgão para atender às demandas indígenas e dos demais povos tradicionais. Outro compromisso é o de envolver o Naturatins, a Funai, o Ibama, e a ATS numa discussão sobre as condições da água utilizada pelos índios em função do envenenamento e da poluição dos mananciais.

O deputado Rocha Miranda, por sua vez, deu garantias de que o relatório da audiência será repassado para a bancada federal do Estado juntamente ao pedido de voto contrário Ã  PEC â?? 215. Disse ainda que, com os demais colegas, abrirá as portas do Palácio Araguaia para receber as etnias regionais. "Enquanto brasileiros, devemos valorizar os povos nativos e precisamos debater as questões que perturbam índios, assentados, quilombolas e ribeirinhos", defendeu.

A deputada Valderez (PP) se dispôs a colaborar com as ações e afirmou que sua ajuda Ã  causa indígena vem da época em que foi prefeita da cidade de Araguaina. Elenil da Penha (PMDB) disse que compareceu para aprender sobre as lutas dos manifestantes e se confessou um defensor dos direitos indígenas. (Elpídio Lopes)

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