O jornalista Fausto Macedo, do Estadão, divulgou nesta terça-feira, 11, que quatro delatores da Odebrecht afirmaram - em delação premiada - ter feito repasse de R$ 500 mil para a senadora tocantinense Kátia Abreu (PMDB) na campanha eleitoral de 2014, por meio de caixa dois. Representante do agronegócio, a peemedebista já chegou a ser apelidada por ambientalistas como "Miss Desmatamento" e "Rainha da Motosserra", e segundo o veÃculo paulista, a peemedebista era registrada no "Departamento de Propinas" da construtora com o codinome "Machado". De acordo com o jornal, as negociações teriam sido mediadas pelo marido da senadora, Moisés Pinto Gomes.
Conforme o Estadão, os delatores que apontaram caixa dois de Kátia Abreu foram: Cláudio Melo Filho, José de Carvalho Filho, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Mário Amaro da Silveira, todos da Odebrecht. Amaro foi diretor superintendente da Odebrecht Ambiental, no Tocantins, de 2011 ao ano passado. Os depoimentos embasaram pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República, autorizado pelo ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin, para investigar a senadora peemedebista e o marido.
"Segundo o Ministério Público, narram os colaboradores a ocorrência de pagamento de vantagem não contabilizada, por intermédio de Moisés Pinto Gomes, no âmbito da campanha eleitoral de Kátia Abreu ao Senado Federal no ano de 2014�, observou Fachin, segundo conta o Estadão. "Nesse contexto, relatam o pagamento de R$ 500 mil, divididos em duas parcelas de R$ 250 mil, repasses ocorridos em setembro e outubro do ano de 2014, em encontros no Hotel Meliá, no Jardim Europa, em São Paulo".
Mário Amaro, um dos delatores que citaram Kátia, foi diretor superintendente da Odebrecht Ambiental, no Tocantins, entre 2011 e 2016 |
O Estadão ainda traz outra anotação do ministro do Supremo Tribunal Federal. "As operações foram efetuadas por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, estando identificada pelo codinome â??Machado"", discorreu Fachin, ao autorizar inquérito para investigar a ex-ministra e o marido. Atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República, o relator da Lava Jato decretou o levantamento do sigilo dos depoimentos dos executivos.
Arrogância
O CT já tinha repercutido em dezembro do ano passado a possibilidade de Kátia Abreu estar na lista da Odebrecht. Na época, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da construtora, Cláudio Melo Filho - que está entre os dirigentes desta delação divulgada pelo Estadão -, citou que a senadora Kátia Abreu também teria recebido dinheiro da empreiteira. Porém, o depoimento ainda não tinha sido homologado.
Cláudio Melo Filho citou na delação que Kátia é um exemplo da arrogância dos polÃticos de BrasÃlia. "Este relato é apenas para mostrar como à s vezes somos abordados por pessoas com quem não temos relação, mas que muitas vezes esses agentes polÃticos se acham no direito de proceder como querem apenas em razão de possuir mandato eletivo", afirmou.
Conforme o ex-vice-presidente, um dia ele recebeu ligação da senadora Kátia Abreu, quem disse que não conhecia. A parlamentar do Tocantins afirmou a Melo Filho - segundo o delator - que o telefonema era a pedido do presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que hoje está preso em Curitiba pelo envolvimento na Operação Lava Jato. "Na ligação ela disse que Marcelo iria ajudá-la e por isso ela estava me ligando", relatou o executivo.
Nunca participou
Em nota no inÃcio da noite desta terça-feira, a senadora disse que em toda a sua vida pública, nunca participou de corrupção e nunca aceitou participar "de qualquer movimento de grupos fora da lei". "Sigo trabalhando no Senado pelo Brasil e pelo Tocantins. Minha história e minha correção são a base fundamental da minha defesa", afirmou.
Confira a seguir a Ãntegra da nota de Kátia:
"NOTA Ã? IMPRENSA
A respeito da decisão do Supremo Tribunal Federal, que autorizou abertura de inquérito para investigar nove ministros, 29 senadores e 42 deputados federais, na qual o meu nome é citado, declaro que:
Lamentavelmente, por desconhecer o conteúdo da decisão do ministro Edson Fachin, não tenho, neste momento, elementos suficientes que me permitam rebater as supostas acusações feitas contra mim e o meu marido, mas afirmo categoricamente que, em toda a minha vida pública, nunca participei corrupção e nunca aceitei participar de qualquer movimento de grupos fora da lei. Estarei à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários de maneira a eliminar qualquer dúvida sobre a nossa conduta.
Sigo trabalhando no Senado pelo Brasil e pelo Tocantins. Minha história e minha correção são a base fundamental da minha defesa.
Senadora Kátia Abreu"