"No mundo ocidental, se você não mostrar conhecimento é considerado "atrasado". Por isso, a literatura é importante, porque ela serve para propagar o conhecimento e a História, também no nosso meio", declarou o autor indÃgena OlÃvio Jekupe, que esteve à frente de um diálogo realizado na Oca da Sabedoria, nesta quinta-feira, 29, intitulado "Literatura e Comunicação IndÃgena".
Jekupe, que já escreveu 15 livros, entre poemas e de literatura infanto-juvenil, destacou a importância do saber entre seu povo. Para o autor, escrever livros é um exemplo de que o indÃgena também possui habilidades com a linguagem. "Nós gostamos, por natureza, de contar história e, por conta disso, podemos sim ser escritores", frisou.
O diálogo debateu temas importantes sobre a educação e cultura indÃgenas, dentro e fora das aldeias, como a escolha de livros paradidáticos nas escolas e o preconceito, que, segundo Jekupe, está presente também dentro das aldeias. "O indÃgena que sai do seu território para ir à Cidade sofre preconceito duas vezes. Na Cidade, porque não é â??brancoâ?? e, se voltar para Aldeia, também pode ser rejeitado, porque é tratado como diferente", ponderou o autor, que é da Aldeia Krukutu, no estado do Paraná.
Na roda de conversa, Jekupe também abordou a questão dos direitos indÃgenas e reforçou a união como ferramenta de superação. "Precisamos entender que quando a gente briga entre si, o Estado gosta. Não interessa qual sua etnia, se tem sangue 100 % puro ou não. Para vencer, precisamos nos unir com todos os nossos parentes", disse.
Para Otto Mendez, do povo Maia da Guatemala, ter livros de autores indÃgenas é importante para resgatar a cultura e perpetuá-la. "Precisamos ter isso nas bibliotecas para todas as pessoas conhecerem nossa história, tanto o ocidental como nossos próprios irmãos", declarou Mendez.