Em uma série de postagens na sexta-feira, 24, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) manifestou solidariedade à senadora Kátia Abreu (PMDB), expulsa do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). A petista exaltou o histórico da amiga pessoal e condenou a decisão de quinta-feira, 23, da comissão de ética peemedebista. "A expulsão é uma violência contra os seus eleitores do Tocantins e contra os brasileiros de todos os estados que a respeitam e admiram", disse em uma das publicações.

Para a ex-presidente, o processo que tirou a parlamentar tocantinense do partido foi "um jogo de cartas marcadas". "O grupo que se apossou do PMDB tenta perseguir os políticos sérios, honestos e progressistas que pertencem ao partido e lutam pela preservação de sua história", disse. A petista aproveitou para invocar o processo eleitoral do ano que vem. "Todos os tocantinenses terão oportunidade de homenagear a sua competência, coragem e decência em 2018", comentou.

Dilma Rousseff também exaltou a atuação da tocantinense durante sua administração, bem como depois do seu afastamento. "Honrou o cargo de ministra da Agricultura, que exerceu no meu governo, valorizou a CNA, que presidiu por muito tempo, e merece o respeito de todos como enérgica defensora do Estado Democrático de Direito". "A senadora se posicionou contra o impeachment fraudulento que derrubou o governo eleito e está lutando contra todos os retrocessos sociais e econômicos impostos pelo golpe", afirmou a ex-presidente.

Ironia
As publicações de Dilma Rousseff no Twitter rendeu uma alfinetada do jornalista Augusto Nunes, colunista da revista Veja. A nota lembra que fazem parte do "grupo que se apossou do PMDB" para "perseguir os políticos sérios, honestos e progressistas" nomes como Henrique Alves, Eliseu Padilha, Edison Lobão e Pedro Novais, todos ministros do governo da ex-presidente petista.

Amizade
Oposição ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Kátia Abreu acabou se aproximando de Dilma Rousseff no primeiro mandato da petista e as duas viraram amigas. A ida da tocantinense ao PMDB foi uma recomendação da própria ex-presidente, isto porque o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) era da cota da sigla. Só depois de filiada é que a senadora foi indicada para o cargo de ministra, no segundo mandato. 

A nomeação de Kátia Abreu como ministra da Agricultura sofreu resistência tanto da base do Partido dos Trabalhadores, quanto da cúpula peemedebista. A parlamentar se manteve fiel à Dilma Rousseff durante a crise política que abalou o governo da petista e foi contrária ao processo de impeachment. Com o afastamento, a senadora ficou na oposição ao presidente Michel Temer (PMDB).

"Não é punição, é biografia"
Kátia Abreu também recorreu as redes sociais para comentar a decisão do PMDB de expulsá-la. A senadora disse que ficará sem partido e que vai conversar com "lideranças políticas sérias" para definir o futuro, o que já tinha destacado em nota. "A minha expulsão não é uma punição. �? biografia. Lutei pela democracia no partido. Mas os corruptos venceram. Mas não por muito tempo.Vitória de pirro", acrescentou.

A tocantinense ainda repercutiu as manifestações de solidariedade de Dilma Rousseff e depois voltou a carga contra Michel Temer, após repercutir uma notícia sobre uma tentativa do peemedebista de criar uma frente de siglas para 2018. "Qual candidato vai querer beirar alguém na margem de erro?", disse em referência a aprovação de apenas 3% do governo federal. "Nem os pífios reflexos positivos da economia o Temer consegue colar nele. �? o efeito teflon ao contrário. Só rindo. A matéria denúncia o próprio isolamento", avaliou.