Eleição suplementar sem Miranda e Ataídes - Tribuna do Interior

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Tocantins, Sexta-feira, 26 de abril de 2024.
26/03/2018 - 18h34m

Eleição suplementar sem Miranda e Ataídes

Ricardo Abalém Jr. 
Foto: Arquivo Abalém Jr

Com a decisão do TSE pela cassação do governador Marcelo Miranda (MDB) e sua vice Claudia Lélis (PV), no último dia 22 de março, o cenário político tocantinense sofreu uma reviravolta.
Além de ser uma ruptura abrupta no processo administrativo do Estado, levando a economia a um grau elevado de instabilidade - visto que por aqui quase tudo gira em torno da máquina pública - o que se percebe é que o novo formato aprovado na minirreforma eleitoral para essa situação (eleição suplementar direta) não está bem claro nem para os candidatos, nem para os eleitores. � tudo muito novo e com muitas brechas a interpretações jurídicas.

O certo mesmo é que as eleições de outubro foram antecipadas para maio ou junho, e o vencedor da eleição suplementar dificilmente não estará no dia 7 de outubro, reeleito ou no segundo turno.
Para os candidatos essa antecipação vai custar mais caro, terão que bancar e estruturar de duas a quatro campanhas em 2018. A primeira será a eleição suplementar, uma segunda eleição, 21 dias após o primeiro turno - ainda dentro da suplementar â?? se der segundo turno, uma terceira no dia 7 de outubro e uma possível (e bem provável) quarta eleição no dia 28 de outubro, havendo outro segundo turno.

Quase todos os concorrentes ao Palácio Araguaia, que já haviam apresentado suas pré-candidaturas e iniciado suas caminhadas aos municípios tocantinenses, devem estar aptos a concorrer na eleição suplementar, exceto Marcelo Miranda (MDB) e Ataídes Oliveira (PSDB).
Miranda, pois, deverá cumprir mais 8 anos de inelegibilidade e Ataídes porque estaria inelegível, no mínimo, até o dia 3 de outubro de 2018. O senador Tucano fez doações acima do limite permitido para a campanha do ex-governador Siqueira Campos em 2010 e o Ministério Público Estadual entrou com uma representação que foi julgada procedente pelo TRE do Tocantins. Oliveira já fez duas tentativas de reverter a decisão junto ao TSE, impetrou um Recurso Especial e um Agravo Regimental, todos negados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Mesmo havendo algumas interpretações jurídicas contraditórias quanto às regras para essa primeira eleição, é certo que o pleito ocorrido no Amazonas será sim um balizador para que o TRE do Tocantins alinhe o formato do processo eleitoral suplementar no estado. E, diga-se de passagem, nosso Tribunal Eleitoral tem toda a credibilidade e capacidade para a realização do pleito. 

Os prefeitos Carlos Amastha (PSB) e Ronaldo Dimas (PR) terão oportunidade de, em 24 horas após a convenção partidária, se desincompatibilizar dos seus cargos, assim como um prazo similar deverá ser dado à senadora Katia Abreu (sem partido) para se filiar. Diferente disso seria injusto em ambos os casos, afinal não se poderia prever essa cassação e os três pretensos candidatos estavam se movimentando dentro dos prazos de desincompatibilização e filiação para as eleições de 7 de outubro.

Devem confirmar também suas candidaturas o deputado estadual Paulo Mourão (PT), o empresário Marcos Souza (PRTB), o jurista Marlon Reis (Rede Sustentabilidade) e a empresária Janad Valcari (PMB). Lembrando que Mourão é do PT e o PT sempre esteve muito perto da senadora Katia.

Mas quem leva vantagem mesmo com essa cassação (como eu já havia aqui registrado) é o presidente da Assembleia Mauro Carlesse. Ao assumir o governo, o que ocorrerá nas próximas horas, Carlesse se habilitará na disputa eleitoral suplementar tendo o comando dos poderes legislativo e executivo. Se a máquina do legislativo já lhe dava vantagens, imagina agora com a máquina do executivo também a seu favor. E, como eu já disse aqui, dificilmente Mauro cometerá os mesmos erros de Gaguim e por isso se tornará um páreo duríssimo para os seus concorrentes.

Em consultas recentes a fontes ligadas aos pré-candidatos, fiz um levantamento (das pesquisas internas) que apontou que se as eleições fossem realizadas até a semana anterior a cassação de Marcelo Miranda as intenções de voto dos tocantinenses se dividiam da seguinte forma: Carlos Amastha estaria na preferência dos eleitores com uma vantagem de cerca de 5% a frente de Ronaldo e Katia que aparecem empatados em segundo lugar. Marcelo Miranda, enquanto governador, ocupava a quarta posição com aproximadamente 4% de diferença. Mauro Carlesse já aparecia bem próximo a Miranda, seguido por Paulo Mourão. Os demais candidatos oscilavam na casa dos 3 pontos percentuais.

Agora com o novo cenário resta aguardar para saber onde vão aportar os votos do Marcelo (do MDB), o quanto sobe Carlesse e se Amastha consegue manter a frente que conquistou.
No paraíso eu não sei, mas do outro lado do paraíso a coisa vai pegar fogo...

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