A decisão de permanecer no governo Dilma Rousseff tem tido um custo para a ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Setores e líderes do agronegócio brasileiro, favoráveis ao impeachment, criticam a posição da senadora licenciada pelo Tocantins. E vão além disso: cobram promessas feitas pela ministra e que não saíram do papel. Para alguns membros de entidades classistas, diante da crise econômica e turbulência política, o Ministério da Agricultura está paralisado.
Entre as promessas estão o plano de defesa e o aumento da classe média rural. Isso no plano nacional. Já, em nível regional, as iniciativas e articulações para avanço de investimento e desentraves burocráticos do Matopiba não avançam.
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Para outros setores, por exemplo, ao seguir no cargo, mesmo após o PMDB ter rompido formalmente com o governo federal, Kátia Abreu demonstrou claramente que sua voz de comando não precisa do apoio expresso de ninguém ?? nem do setor agropecuário. A decisão provocou reações de entidades ligadas ao agronegócio, que defendem a saída da líder ruralista de um governo que estaria fadado ao fracasso.
"Golpe é você ficar no governo sem apoio de ninguém, por decisão pessoal", criticou o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira.
A SRB já se posicionou favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, assim como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Para Junqueira, a permanência de Kátia é um equívoco pela falta de consciência de que não há mais espaço para colocar em prática qualquer plano.
"Praticamente todo o setor agropecuário apoia o impeachment. Apesar de ser uma boa ministra, não há mais ambiente político para nada", conclui Junqueira.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que Kátia presidiu até assumir o Ministério da Agricultura e está licenciada, tem evitado se posicionar.
No entanto, há outras entidades que não temem se posicionar. "Vemos com tristeza a senadora permanecer num governo que não existe mais", disse o presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso do Sul, Christiano Bortolotto, antes de ponderar que a ministra tem trajetória de defesa do agronegócio brasileiro. Já Bartolomeu Braz, da Aprosoja Goiás, avaliou temor pelo fato de não haver atualmente uma política de planejamento a longo prazo. O presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, por sua vez, afirmou que Kátia Abreu deveria dar espaço para outra pessoa até que a situação política se normalize. (Com informações do Canal Rural e do Zero Hora)