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20/06/2016 - 07h00m

Governo fará adequações no Plano Safra anunciado em maio por Kátia Abreu às vésperas do afastamento de Dilma Rousseff

Portal DBO 
foto: VH3/Divulgação
Alterações no planejamento deixado por Kátia Abreu são significativas
Alterações no planejamento deixado por Kátia Abreu são significativas

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, afirmou que o governo irá implementar o Plano Safra 2016/17 que foi anunciado em maio ainda na gestão da ex-ministra Kátia Abreu, mas que "serão feitos alguns reajustes, algumas adequações". A declaração foi dada nesta quinta-feira, 16, no Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2016/17, promovido pela BM&FBovespa em São Paulo.

Segundo Geller, um dos ajustes será o aumento dos recursos para o Moderfrota, de R$ 5 bilhões para R$ 7,5 bilhões. "Faremos um remanejamento dentro do orçamento original", afirmou. O secretário acrescentou que buscará também elevar o montante destinado para o Plano Inovar Agro, voltado a tecnologias para a agricultura. Conforme ele, o objetivo é passar de R$ 1,4 bilhão para R$ 3 bilhões.

Estarão também entre os ajustes alterações nos programas de armazenagem, "dados os problemas com abastecimento e carregamento". Paralelamente, "vamos fazer os investimentos em logística, pois queremos fortalecer a infraestrutura cada vez mais, para desburocratizar as licenças, como ocorreu em Miritituba (PA)".

O município paraense vem recebendo pesados investimentos de tradings que se instalaram lá para construção de Estações de Transbordo de Cargas (ETCs), estruturas estas que recebem a safra de grãos proveniente principalmente do Centro-Oeste. Geller afirmou também que buscará a recomposição do orçamento para o seguro rural, hoje em R$ 300 milhões. "Mas, para isso, precisamos do apoio da classe política."

O secretário comentou que outro orçamento que precisa ser recomposto é o de comercialização. Segundo ele, o montante direcionado a essa atividade caiu de R$ 2,8 bilhões para R$ 250 milhões.

Neri Geller também disse que a "questão de demarcação de terras indígenas precisa ser alterada". "Temos de pôr um freio para que o produtor, na pior das hipóteses, saia da propriedade bem remunerado", disse.

Para ele, é necessário dar segurança jurídica para se evitar conflitos entre produtores e indígenas. "Não temos nenhuma dúvida de que o direito de propriedade precisa ser preservado", acrescentou Geller.

SAÍDA DO REINO UNIDO 

O coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (GV Agro) e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou nesta quinta-feira, 16, que uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia (UE), movimento apelidado de "Brexit", "não representa um problema para o agronegócio brasileiro".

"Se saírem da UE, será um país consumidor como sempre foi. Os problemas maiores têm de ser resolvidos internamente, em termos de política, de balança comercial mais agressiva e mais tecnologia", destacou pouco antes do início do Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2016/17.

Rodrigues comentou ainda que o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, "reúne as qualidades" necessárias para contribuir com o agronegócio e "está jogando o jogo". Em sua avaliação, Maggi conhece o setor, os trâmites políticos e também tem trânsito com o Congresso Nacional para a aplicação de medidas. "Ele está mexendo em coisas para o curto prazo, revisando o Plano Safra. O importante é que está dando um sinal", destacou Rodrigues.

O coordenador do GV Agro destacou ainda que, atualmente, o maior problema do agronegócio nacional é a falta de crédito e que a queda da atividade no 1º trimestre - o PIB agropecuário recuou 0,3% ante o trimestre imediatamente anterior -, é "algo natural", dada a própria dinâmica da atividade.

IMPORT?NCIA DO AGRONEG?CIO

O diretor presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, destacou a importância do agronegócio para o País e afirmou querer ampliar o diálogo com o governo em torno das políticas públicas para o segmento.

O presidente da bolsa brasileira também criticou a elevada tributação nas operações de hedge e a ausência de infraestrutura no País suficiente para atender o potencial do agronegócio.

"Queremos ampliar o diálogo com governo pela melhora de políticas públicas no agronegócio. Precisamos de regras claras e previsibilidade para atrair mais participantes a esse mercado, especialmente do exterior", afirmou, em seu discurso. "Não é possível que o hedge seja penalizado por tributação excessiva", acrescentou.

Segundo Edemir, o Brasil estaria em outro patamar caso a infraestrutura estivesse acompanhando o desenvolvimento do agronegócio. "O agronegócio tem sido o porto seguro em tempos de crise. Não fosse o agronegócio, estaríamos em situação econômica mais difícil. A salvação veio mais uma vez do campo", afirmou.

O presidente da BM&FBovespa citou dentre medidas que tem desenvolvido para apoiar o agronegócio o programa de formador de mercado e iniciativas para incentivar a liquidez. (Do Portal DBO)

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