No encontro com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira passada, em Brasília, o ex-presidente Lula criticou uma política econômica que se baseia apenas no ajuste fiscal. Ele defendeu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Disse que Levy cumpria o seu papel, mas que era preciso que outras áreas do governo também cumprissem os seus.
Lula lembrou que, em 2003 e 2004, fez um duro ajuste fiscal com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, realizando superavits primários. Mas, ao mesmo tempo, criou o mecanismo de crédito consignado para aumentar a oferta de dinheiro em circulação na economia.
Temos uma inflação alta hoje. Já há uma política monetária dura. Na visão de Lula, se houver só aperto, a economia vai encolher ainda mais do que seria necessário para reduzir a inflação. Portanto, é uma crítica pontual.
O ex-presidente defendeu medidas de crédito, sobretudo para pequenos e médios empresários, que sofrem mais do que os grandes numa hora de aperto monetário.
Fez menos uma crítica ao Levy e mais uma crítica a Dilma e outros ministros, como Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Nelson Barbosa, do Planejamento, que já deveriam, no entender de Lula, ter avançado mais no projeto de concessões de bens públicos à iniciativa privada.
Para Lula, deixar a responsabilidade de melhorar a economia só com Levy não vai tirar o país da crise.
Diminui ainda mais espaço de Dilma para errar
Erros da presidente Dilma estreitaram a margem de manobra do governo numa hora em que dois de seus principais ministros vão responder a inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) no âmbito da Operação Lava Jato. Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação) passaram a ser investigados no STF a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Como o espaço para cometer erros está se estreitando, se não souber reagir, Dilma vai agravar ainda mais as crises política e econômica.