Tribuna do Interior

Tocantins, Quinta-feira, 28 de março de 2024.
24/04/2017 - 20h21m

Novo secretário de Articulação Política afirma que a crise é nacional e que se governo cruzar os braços, Estado "vai à falência"

Luís Gomes Da Redação / Do Portal CT 
Divulgação
Em seu primeiro dia como secretário de Articulação Política do Tocantins, João Emídio de Miranda (PMDB) recebeu o CT para a Conversa da Segunda desta semana. Nome bem recebido por deputados e prefeitos - como mostrou a solenidade de posse -, o peeme
Em seu primeiro dia como secretário de Articulação Política do Tocantins, João Emídio de Miranda (PMDB) recebeu o CT para a Conversa da Segunda desta semana. Nome bem recebido por deputados e prefeitos - como mostrou a solenidade de posse -, o peeme

Em seu primeiro dia como secretário de Articulação Política do Tocantins, João Emídio de Miranda (PMDB) recebeu o CT para a Conversa da Segunda desta semana. Nome bem recebido por deputados e prefeitos - como mostrou a solenidade de posse -, o peemedebista voltou a afirmar que sua função dentro do Executivo nada tem a ver - ao menos ainda - com as eleições do próximo ano. "O desafio é garantir a governabilidade". "O governo precisa ter sustentação política permanente, não pensar só na época de eleição", assegura.

O novo secretário avaliou que a crise que o Estado enfrenta é nacional. "O Tocantins faz parte do Brasil e faz parte da crise. A crise é financeira, institucional, política e é de interesse de alguns grupos. Ela é nacional e também participamos dela".

A receita, segundo Emídio, "é enfrentar a crise". "Se todo mundo, se o governo for cruzar os braços em um momento de crise, o Estado vai à falência, cada dia mais vai à falência".

De toda forma, o secretário avaliou que "grande parte da crise financeira tem passado". "Então é hora de a gente reagir, e de todos que fazem parte da equipe do governo de dar a sua contribuição", defendeu.

João Emídio se mostrou ciente do seu atual prestígio e aposta que esta "boa relação" com os agentes políticos poderá "facilitar o trabalho". O secretário citou, por exemplo, o bom número de deputados que compareceram em sua posse, minimizando o que talvez seja um dos principais gargalos do governador Marcelo Miranda: a relação com o Legislativo. "Acho que a Assembleia sinalizou que o governo pode ter uma base forte", disse o peemedebista, ao lembrar a presença de 12 parlamentares no evento que lhe deu posse

"O PRINCIPAL DESAFIO QUE EU VEJO NESSE POUCO TEMPO QUE A GENTE TEM SE DEDICADO A ESTE TRABALHO COM O GOVERNO ? GARANTIR A GOVERNABILIDADE"

O novo secretário aproveitou para sair em defesa do Palácio Araguaia em relação às pendências com o Legislativo. "A crise diminui a condição de atender as demandas. ?s vezes o governo, em um certo momento, não atendeu aquela demanda, mas, num  segundo momento, vai atender", ponderou. Os deputados reivindicam já há algum tempo o pagamento de emendas parlamentares, e recentemente foi à Justiça para cobrar o correto repasse do duodécimo.

Sobre a dificuldade financeira, João Emídio repetiu o discurso feito na posse. "A crise é financeira, institucional, política e é de interesse de alguns grupos. Ela é nacional e também participamos dela", argumentou o peemedebista, que, apesar do cenário, adiantou que o Executivo tem investimentos planejados. "A gente vê no Estado que uma parte grande da crise financeira tem passado. Tem recurso para fazer uma obra importantíssima, que é o recapeamento, a restauração das rodovias", avaliou.

Questionado sobre a viabilidade do nome de Marcelo Miranda para as eleições, o secretário foi enfático em garantir que o correligionário "com certeza" é um nome competitivo em "qualquer que seja o cenário ou cargo". "O governador é muito carismático, goza de uma popularidade muito boa", afirma o ex-presidente da Associação Tocantinense de Municípios (ATM).

Sobre a visão dos prefeitos sobre a administração estadual, João Emídio garante que, mesmo com a crise, todos estão buscando parcerias com o Palácio Araguaia, e explica que a maior reivindicação dos gestores. "O que eles querem é espaço no governo, ter comando nas ações do governo nos municípios. Porque muitas vezes o prefeito quer ser parceiro, mas alguma coisa está travando", afirma o novo secretário de Articulação Política.

Confira abaixo toda a conversa de João Emídio com o CT:

CT - Até já questionamos o senhor na posse, mas como foi algo muito rápido, gostaríamos de reforçar a pergunta: empossado, quais os principais desafios que vê à frente do cargo?

João Emídio de Miranda: O principal desafio que eu vejo nesse pouco tempo que a gente tem se dedicado a este trabalho com o governo é garantir a governabilidade. Muitas vezes quando se fala de política, a pessoa já pensa na eleição. Mas o governo - e falo o corpo todo - precisa ter sustentação política permanente, não precisa pensar na política só na época de eleição. A política é permanente no governo. Então, a gente tem o desafio de fazer essa política permanente para o governo.

E nós vemos neste momento - e o governo já passou por várias dificuldades - que muitas coisas estão clareando, a gente já visualiza muitos atos positivos da administração.

"ACREDITO QUE ESTA AMIZADE QUE EU TENHO, ESSA BOA RELA??O, VAI ME FACILITAR O TRABALHO AQUI NA SECRETARIA COM OS DEMAIS PARCEIROS E PESSOAS QUE DEPENDEM DO GOVERNO"

CT - Exatamente sobre isso. O senhor chega em um momento delicado por causa da crise. Qual sua avaliação do tamanho da crise enfrentada pelo governo?

João Emídio:Como já falei, vou repetir: a crise é nacional. Então, o Estado do Tocantins faz parte do Brasil e faz parte da crise. A crise é financeira, institucional, política e é de interesse de alguns grupos. Ela é nacional e também participamos dela.

O que nós temos que fazer é enfrentar a crise. Se todo mundo, se o governo for cruzar os braços em um momento de crise, o Estado vai à falência, cada dia mais vai à falência.

CT - Com essa excelente relação que o senhor tem com os prefeitos, bancadas federal e estadual e instituições - pela experiência de ter passado pela ATM -, como o senhor pode contribuir com a superação dessas dificuldades?

João Emídio: Nós vivemos em um mundo em construção. Essa relação que tenho com colegas e ex-colegas, prefeitos, prefeitas, vereadores, vice-prefeitos, foi construída ao longo de uma vida pública que tive. Ela foi aprimorada com minha estada na ATM [Associação Tocantinense de Município] de dois anos. Mas já venho construindo a minha relação com meus pares de muitos anos atrás, que a gente sempre procura zelar. Porque onde estou procuro fazer amizade e me relacionar bem com meus colegas de trabalho.

Acredito que esta amizade que eu tenho, essa boa relação, vai me facilitar o trabalho aqui na secretaria com os demais parceiros e pessoas que dependem do governo. Porque nós vamos tentar chegar até a última pessoa que precisa do apoio do governo do Estado, do recurso público; são as pessoas mais carentes do nosso Estado. Através da política a gente consegue incluir no sistema de trabalho do governo.
 

"O GOVERNADOR ? MUITO CARISMÁTICO, GOZA DE POPULARIDADE MUITO BOA. TEM CONDI??O DE SER CANDIDATO EM QUALQUER QUE SEJA O CENÁRIO"

CT - O senhor falou - na posse - sobre essa intenção de trazer o líder político do interior, distante, para perto do governo. Diga um pouco desta importância desta política?

João Emídio: Ora, primeiro a burocracia; ela também está na política. ?s vezes o pequeno líder confia muito no líder maior. E como a situação política do País, do Estado, não está fácil, o político descredibilizado com a sociedade, fica difícil para as lideranças, as pessoas comuns, terem acesso ao Palácio [Araguaia], aos secretários, a alguma pessoas. A gente tem a intenção de buscar estas lideranças para a gente conversar para poder chegar a um denominador comum da política do nosso Estado.

CT - O senhor está num momento de elevada credibilidade, mas o governo também precisa dar sua cota de contribuição, em ações, para que possa reagir e dar resultado. Como foi sua conversa com o governador nesse sentido? Há perspectiva de que investimentos e ações sejam intensificadas a partir de agora?

João Emídio: Sim. O governador Marcelo Miranda está muito otimista com as ações no Estado, tem recurso para fazer uma obra importantíssima, que é o recapeamento, a restauração das rodovias, que é por onde passa o desenvolvimento, onde se faz a integração das cidades do Estado, é por onde escoa as produções. O governo está muito otimista. Este trabalho está intenso no Estado inteiro, está recuperando, recapeando, vai se abrir novas frentes de estradas, ligamentos de cidades e regiões que ainda não são pavimentadas.

Vou dizer, estamos otimistas hoje. A gente vê no Estado que uma parte grande da crise financeira tem passado. Então é hora de a gente reagir, e de todos que fazem parte da equipe do governo de dar a sua contribuição.

CT - Como os prefeitos têm visto o governo Marcelo Miranda neste momento?

João Emídio:
 Olha, voltando atrás: a crise é nacional. Ela está no País, está nos estados e também está no municípios. E o prefeito, mesmo o reeleito e o recém-empossado, está procurando parcerias de todas as áreas. E o governo sempre foi um grande parceiro dos municípios. Então vejo hoje com muita positividade os prefeitos quererem fazer parceria com o governo do Estado, porque não está fácil administrar sozinho. Isso já está entendido na cabeça dos gestores municipais, que eles não vão conseguir ter sucesso em uma administração se não buscar as parcerias do governo do Estado, que é o primeiro parceiro, e do governo federal.

"ASSEMBLEIA SINALIZOU PARA O GOVERNO QUE O GOVERNO PODE TER UMA BASE FORTE. A ASSEMBLEIA N?O TRANCOU A PAUTA, N?O TRANCOU COM O GOVERNO, EST?O ABERTOS"

CT - E o senhor tem algum levantamento, alguma ideia, de quais são as principais reivindicações dos municípios? Como o senhor pode atuar neste sentido?

João Emídio: A gente tem conversado com alguns colegas, alguns prefeitos, e basicamente o que eles querem é espaço no governo, ter comando nas ações do governo nos municípios. Porque muitas vezes o prefeito quer ser parceiro, mas alguma coisa está travando lá no município. Então o prefeito quer ter esse comando, essa visibilidade; que o governo enxergue no município o prefeito, a administração municipal, que é parceira da administração estadual. No momento que a gente conseguir fazer esta relação tudo vai melhorar e o grande ganhador disto é população, que vai ter na ponta o bom serviço prestado.

Veja só, se sozinho consigo levantar 30 quilos, 40 quilos; eu e mais um parceiro conseguimos levantar 80 quilos. Então quem ganha é a população com essa parceria de prefeitura, governo do Estado, governo federal. Quanto mais parceiros de boa intenção o prefeito tiver, mais produtividade vai ter e mais rendimento para devolver para a população que o elegeu.

CT - Um dos focos de crise do governo é a Assembleia. Neste momento existe até uma relação de confronto. Como o senhor vê esta relação? Acha que é possível reverter e fortalecer a base do Palácio no Legislativo?

João Emídio: Com certeza. Ontem mesmo [terça-feira, 18] na minha posse tinha metade da Assembleia, compareceram 12 deputados. Fiquei satisfeito. Acho que a Assembleia sinalizou para o governo que o governo pode ter uma base forte. A Assembleia não trancou a pauta, não trancou com o governo, estão abertos.

Agora, tudo é questão de demanda. A crise diminui a condição de atender as demandas. ?s vezes o governo em um certo momento não atendeu aquela demanda, mas em um segundo momento vai atender. E acredito que o governo ainda pode fazer uma base forte dentro da Assembleia.

CT - O senhor já começou o diálogo com os deputados no sentido de amenizar esta situação de desconforto?

João Emídio: Não, nós vamos ainda. Hoje [quarta-feira, 19] é meu primeiro dia aqui. Mas em breve vamos agir e o que for de determinação, o que tiver dentro das atribuições da Secretaria de Articulação Política nós vamos desenvolver, vamos trabalhar, vamos procurar a todos para ter o diálogo. Porque nossa base de tudo vai ser o diálogo.

CT - Quanto a reeleição do Marcelo Miranda, ele tem chance de ser candidato e um candidato competitivo?

João Emídio: Tem. Com certeza. O governador tem chance de ser candidato em qualquer nível do Estado, qualquer que seja o cargo hoje dentro do Estado o governador tem toda a chance. Falo isso visto o histórico político que ele tem, desde a sua primeira eleição como deputado estadual, presidente da Assembleia por duas vezes, governador, foi eleito senador.

O governador é muito carismático, goza de uma popularidade muito boa com a presença dele nos municípios, em todo o lugar que ele vai. Então, acredito que ele tem condição sim de ser candidato em qualquer que seja o cenário e qualquer dos cargos. 

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