RESSACA E EUFORIA
A Assembléia Legislativa amanheceu com um ar de ressaca e euforia, nesta quarta-feira, 2, um dia após deputados de oposição e da base derrubarem vetos do Executivo em três projetos de lei.
De um lado, alguns parecem não conter a felicidade pela derrotas impostas ao governo; de outro, a tentativa de entender ou explicar a derrota.
BASTIDORES
Um dos principais assuntos de bastidores nesta quarta-feira no Parlamento estadual é a possível saída do líder do governo,Paulo Mourão (PT), da função.
Dizem que ele estaria "cansado" da inércia do governo no sentido de criar uma base consistente na Casa. Após a derrota do governo na Casa, nesta terça-feira, 1º, ele chegou a afirmar - em entrevista ao blog - que "com muita humildade" não reconhece desde o início do governo Marcelo Miranda a existência de uma base do governo na Casa. "Nós não temos uma base".
Nós temos aqui pessoas comprometidas com o Estado, mas o governo ainda não trabalhou esta base política", disse.
NA SEGUNDA-FEIRA
Nos bastidores, teve deputado que chegou a dizer o dia em que Mourão vai entregar a liderança ao governador Marcelo Miranda (PMDB): segunda-feira, 7.
BRITO NO CIRCUITO
Deputados ainda diziam que o ex-secretário de Infraestrutura Brito Miranda chamou três parlamentares para uma conversa na manhã desta quarta-feira. Para eles, a movimentação já miraria a possível troca de líder.
PURA ESPECULA??O
Paulo Mourão nega que vá entregar o cargo de líder do governo na Assembléia. Segundo ele, esse cargo é do governador Marcelo Miranda, e não dele, logo, não tem como entregá-lo. Para o petista, sua saída do cargo é pura especulação.
MEIAS PALAVRAS
Para Paulo Mourão, as tais especulações surgiram porque ?? após a derrota do governo, nesta terça-feira ?? ele falou a verdade, em entrevista ao CT, ao dizer que o governo precisa construir uma base e que os secretários precisam sair de seus gabinetes. "O problema é que aqui [no Tocantins] estão acostumados a meias palavras", disse.
BANCADA DO PRESIDENTE
Para vários parlamentares ouvidos pelo blog, Paulo Mourão, líder do governo na Assembleia, não deve "pagar a conta" pelas derrotas do Executivo na Casa. A culpa, se é que se poder chamar assim, seria da "bancada do presidente".
Esse grupo, dizem, seria formado por dez deputados, mais dois "independentes" ou oposicionistas: Eduardo Siqueira Campos (PTB) e Luana Ribeiro (PR), além de três parlamentares que "flutuariam" entre a base do governo e a "bancada do presidente" da Casa, Osire Damaso (DEM).
ARTICULADORES
Os mesmos deputados ouvidos pelo blog dizem que os resultados das votações seriam construídos nos gabinetes e na Sala Vip da Casa por três ou quatro grandes articuladores.
Quem são eles? Enumeram apenas o oposicionista Eduardo Siqueira Campos (PTB). Sabe-se, porém, que, além do líder do governo e Eduardo, há pelo menos outros dois grandes articuladores no Parlamento: Amélio Cayres (SD) e Valdemar Junior (PSD).
MUITOS PRESENTES
A exemplo do que aconteceu nessa terça-feira, quando os 24 compareceram às votações, nesta quarta o plenário continuava lotado, com o painel registrando 23 presentes. Apenas Valdemar Junior (PSD), não compareceu ou não registrou presença.
PARCELAMENTO DE SALÁRIOS
Por fim, ainda nas repercussões da derrota governista, deputados já davam como certa a possibilidade de parcelamento de salários até o final do ano, ou o pior: atraso de pagamento da folha.
Afinal, raciocionavam, se o Palácio não conseguiu manter o veto do governador em três matérias não tão pesadas, como conseguirá aprovar aumentos de alíquotas para todos os setores da economia? "Ontem [terça-feira] tínhamos aqui na Casa representantes de 70% do PIB do Tocantins. Para piorar, a base desintegrada.
O governo não tem qualquer chance de aprovar aumento de impostos aqui", avisou um deputado, que preferiu não se identificar.