Tribuna do Interior

Tocantins, Sexta-feira, 19 de abril de 2024.
07/11/2020 - 00h26m

Pesquisas fraudadas em Goiás são investigadas pelo Ministério Público. Campos Belos, Monte Alegre, Posse, São Domingos; todas envolvidas

Com texto da Assessoria de Comunica??o Social do MP-GO 
Foto: Divulgação

O Ministério Público Eleitoral (MPE) desencadeou, nesta quinta-feira (5), a operação denominada Leão de Neméia, cujo objetivo é desarticular grupo suspeito de produzir e divulgar pesquisas eleitorais fraudulentas em todo o Estado de Goiás nas eleições municipais de 2020.

Investigações realizadas pelo MP identificaram que a empresa IPOP-Cidades & Negócios produziu e divulgou 349 pesquisas suspeitas em 191 dos 246 municípios goianos desde a sua criação em fevereiro deste ano, o que representa, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o maior número de pesquisas realizadas nestas eleições em todo o país.

Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juiz Eleitoral da comarca de Alvorada do Norte, no nordeste goiano, Pedro Henrique Guarda Dias, nos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia, na sede da empresa, e nas residências do proprietário do IPOP, Márcio Rogério Pereira Gomes, e da estatística Karen Cristina Alves Pessoa.

Márcio Rogério, nas eleições municipais de 2016, atuou desta mesma forma em mais de uma centena de municípios do Estado de São Paulo, valendo-se de uma outra empresa por ele criada à época para produzir e divulgar pesquisas fraudadas (Márcio Rogério Pereira Gomes-ME/ Jornal Folha da Região Norte Paulista).

Responde a dezenas de processos cíveis e criminais na Justiça Eleitoral paulista, já tendo sido condenado em vários deles. 

Com a descoberta de sua atuação em São Paulo, migrou para o Estado de Goiás neste ano de 2020,onde criou a empresa IPOP com o mesmo objetivo criminoso.

Em dezenas de Zonas Eleitorais do Estado multiplicam-se ações que requerem a suspensão da divulgação de tais pesquisas, o que já foi deferido em muitas delas com o objetivo de preservar a transparência e legitimidade do processo eleitoral.

As fraudes consistem em produzir pesquisas que não refletem a realidade das intenções de voto dos eleitores, com desobediência dos requisitos exigidos na legislação eleitoral, em bairros inexistentes e com oferta criminosa de manipulação de dados em favor de candidatos.

A operação é coordenada pelos promotores de Alvorada do Norte, e conduzida também pelos promotores eleitorais Asdear Salinas (Iaciara), Guilherme Vicente de Oliveira (Pontalina) e Lucas César Costa Ferreira (Silvânia), e conta com o apoio do Centro de Inteligência do MPGO e da Polícia Civil.

Os investigados, bem como todos os demais envolvidos, estão sujeitos a responder pelo crime de pesquisa eleitoral fraudulenta, cuja pena de prisão é de 06 meses a um ano, além de serem responsabilizados pela fraude eleitoral.

As investigações terão prosseguimento para identificar e responsabilizar outros envolvidos nas fraudes.

O nome da operação é uma referência ao primeiro de 12 trabalhos executados pelo herói mítico grego Hércules, que derrotou o leão que explorava e subjugava a região de Neméia, localizada no nordeste do Peloponeso.

Campos Belos, Monte Alegre, Posse, São Domingos; todas envolvidas 

A empresa de pesquisa IPOP - Cidades & Negócios foi alvo da Operação Leão de Nemeia, deflagrada ontem, que investiga fraudes em levantamentos eleitorais, com o objetivo de beneficiar candidatos. 
De acordo com o Ministério Público Eleitoral, o proprietário Márcio Rogério Pereira Gomes cobrava dinheiro de prefeitáveis para divulgar pesquisas falsas em que esses postulantes apareceriam na liderança. 
Ele realizou 349 pesquisas em 191 municípios de Goiás em 2020. Os promotores agora buscam identificar os candidatos contratantes, que podem ter as candidaturas impugnadas e, se condenados e eleitos, podem ter o mandato cassado.

Veja os nomes dos municípios onde foram feitas as pesquisas:

ALTO PARAÍSO DE GOIÁS
ALVORADA DO NORTE
CABECEIRAS
CAMPOS BELOS
CAMPOS VERDES
CARMO DO RIO VERDE
CATALÃO
CATURAÍ
CAVALCANTE
DIVINÓPOLIS DE GOIÁS
FLORES DE GOIÁS
FORMOSA
GUARANI DE GOIÁS
IACIARA
INHUMAS
IPAMERI
MAMBAÍ
MONTE ALEGRE DE GOIÁS
NIQUELÂNDIA
NOVA CRIXÁS
PADRE BERNARDO
PIRENÓPOLIS
PIRES DO RIO
PLANALTINA
POSSE
SANTA TEREZINHA DE GOIÁS
SÃO DOMINGOS
SILVÂNIA
SIMOLÂNDIA
VILA BOA
VILA PROPÍCIO

No pacote de serviços oferecidos por Márcio, conta o promotor, estava a divulgação da pesquisa no jornal Cidades & Negócios, do qual também é dono. 
O promotor eleitoral Lucas César Costa Ferreira destaca que nas impressões desse jornal, cerca de 70% das publicações eram divulgações de resultados de pesquisa. 
O resto era destinado a propaganda de negócios locais. Em uma só edição, por exemplo, ele chegou a publicar o resultado de 129 pesquisas eleitorais.

Outro ponto que levou o Ministério Público à investigação foi o fato de que, apesar de estarem registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nenhuma das pesquisas possui contratante. É como se todos os quase 350 levantamentos tivessem sido bancados somente pela IPOP. 
O problema, segundo Chegury, é que cada uma custa em torno de R$ 2 mil. Isso significa que Márcio teria, supostamente, arcado com cerca de R$ 700 mil. Ao mesmo tempo, o capital registrado pela empresa era de R$ 150 mil, quase um quinto do total que eles alegam terem investido de bolso próprio.
© 2015 - Tribuna do Interior - Todos os direitos reservados.
Expediente